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A ESCOLA E A EMPRÊSA

Conta agora o Ceará com o seu Centro formar gente pora profissões de mercado satu-
de Integração Emprêsa-Escola, que vai iniciar rado enquanto descuravam aquelas que são
aqui amo experiência lançada em São Paulo há realmente necessárias no atual estágio de de-
cérca de um ano. O objetivo básico do Centro senvolvimento do Pais. Pior ainda: mesmo em
é oferecer melhores condições de aprimoramen- relação a essas últimas as deficiências era evi-
to técnico e profissional a estudantes dos niveis dentes, visto que os estudantes geralmente não
médio e superior, através de estágios nas em- tinham oportunidade de tomar contacto com a
prêsas e da concessão de bôlsas de estudo. tecnologia já empregada nas emprêsas.
Quando o Govêrno apresentou ao Con-
A idéia de uma colaboração estreita entre gresso seus projetos de reforma universitária
as emprêsas e a escola, notadamente a de grau entre êles havia um especifico sôbre a colabo-
superior, tomou corpo durante os debates sôbre ração das emprêsas no desenvolvimento do en-
a reforma universitária, em 1967/68, mas vi- sino superior. Ao mesmo tempo, a iniciativa
nha germinando há bastante tempo sob a in- privada criava em São Paulo o CIEE, que agora
fluência de economistas e educadores estran- nos chega. A idéia é não apenas ajudar os es-
geiros e nacionais que produziram uma litera- tudantes, da forma mencionada no comêço dês-
tura bastante extensa sôbre o assunto. Já em te artigo, mas também permitir que a indústria
1964 era editado no Brasil o livro de Harbin- tenha condições de informar permanentemente
son e Myers "Educoçõo, Mão-de-Obra e Cres- sôbre suas necessidades de mão-de-obra espe-
cimento Econômico" (Estratégia de Desenvolvi- cializada.
mento Econômico), em que se discute a educa- Naturalmente, a cooperação e a integra-
ção como investimento essencial e as relações ção não poderiam ficar apenas na faixa do en-
que devem ser estabelecidas entre a escola e srno superior, devendo atingir o ensino médio.
a emprêsa, especialmente no que respeita ao Naturalmente, dizemos, oorque uma das gran-
treinamento no trabalho. Mais tarde, alcançou des carências do Brasil é a de técnicos de nivel
grande repercussão no Pais, tanto nos meios e- médio. Isto ocorre em quase todos os poises
ducacionois quanto empresariais, o livro "De- em desenvolvimento, qua dão grande importân-
safio Americano", de Schreiber, em que o pro- cia, talvez excessiva, ao ensino superior, seja
blema da integração da emprêsa com o ensino pela busca de prestigio nacional seja pelo en-
é apresentada como uma necessidade irrecorri- tendimento de que uma educação mais sofisti-
vel de nosso tempo, seja no capitalismo ou no cada é necessária para que não fique muito
socialismo.
atrás em relação aos desenvolvidos.
Com a tendência atual de implantar um
Devemos admitir, entretanto, que foram ensino médio polivalente, isto é, orientado pora
os distúrbios estudantis durante os anos de o trabalho, criam-se ainda melhores condições
1967 e 1968 no Brasil que despertaram setores para a integração com as emprêsas na forma-
públicos e privados importantes para esta ques- ção de estudantes que não sejam destinados a-
tão. Durante as discussões sôbre a reforma penas a sofrer no gargalo dos vestibulares mas
universitária, lideres empresariais reconhece- a exercer mais cedo uma profissão rendosa e
ram que a Universidade era a fonte principol útil.
para recrutamento de quadros técnicos pora a
expansão da indústria nacional e que, portanto, Por todos êstes motivos temos de saudar
tinham interêsse direto na formação dêsses téc- a instalação do Centro de Integração como um
nicos e a obrigação de ajudar essa formação. fato auspicioso, que sem nenhuma dúvida con-
Por outro lado, as pesquisas vinham indicando tribuirá para modificar os padrões já embolo-
há tempos que havia um perigoso desencontro rados do ensino entre nós.
entre as necessidades do mercado de trabalho
e a orientação das escolas, que continuavam a Transcrito de "O Povo".
INDÚSTRIA CEARENSE Página 5