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HISTÓRIA
Cinqüentenário do Centro
Geraldo Nobre
A Primeira Grande Guerra provocou um A idéia da fundação de uma entidade que
impulso nos empreendimentos industriais no reunisse os proprietários de estabelecimentos
Brasil, com maior expressão em São Paulo, oo- fabris do Ceará, com o objetivo de tratar de
rém com repercussões em todos os Estados, in- assuntos do seu interêsse comum e de estudar
clusive no Ceará. Ao terminar a conflagração, as possibilidades de novos empreendimentos,
as perspectivas de industrialização, neste Esta- de maneira a desenvolver o Estado, foi de A.
do, com o aproveitamento de recursos naturais C. Mendes. Para concretizá-Ia, convocou aquê-
e produções, a exemplo das oleaginosas, do al- les para uma reunião, que se realizou, na reda-
godão, dos couros, etc., pareciam promissoras, ção do "Correio do Ceará", no dia 27 de ju-
começando a ouvir-se, correntemente, a expres- lho de 1919.
são "indústria ceorense":
Data de então a existência do Centro In-
dustrial Cearense, um dos primeiros fundados
Os principais estabelecimentos fabris da no Brasil, e que funcionou regularmente duran-
capital cearense eram, então, o de fiação e te- te vários anos, passando, em seguida, por um
celagem da firma Boris Fréres & Cia., que pre- oeriodo de estagnação, devido ao surgimento
cisamente meio século antes iniciara suas ati- de outras entidades, como a Federação das As-
vidades no Ceará; os de confecção de rêdes do
dr. Tomás Pompeu de Souso Brasil, de A. Mon- sociações do Comércio e Indústria do Ceará e a
teiro & Irmão, de Alcides Montano Brasil, de Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
Verificou-se,
a conveniência
de
no entanto,
Matos e de Monuel Franco; o de calçados, de continuar a existir, sendo seus estatutos refor-
Manuel Ribeiro Bertrand; o de mosaicos, de
Carvalho & Silva; os de cigarros, de Filomeno mados, para efeito de reorganização.
Gomes & Filho, de Caminha & Irmão e de J.
Markan; os de sabão e óleos, de Proença, Ir- O primeiro presidente do Centro Industri-
mão & Cia., de Antônio Diogo de Siqueira & al Cearense, aclamado no ato de fundação,
Filho e de Teófilo Gurgel Valente, os de refina- foi o dr. Tomás Pompeu de Sousa Brasil (2. ),
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ção e torrefação, entre os quais o de Joaquim um dos mais ilustres filhos do Ceará, que, à
Sá e o de J. Brasil de Matos & Sobrinho; os de parte das atividades intelectuais, nas quais se
panificação, de destilação e bebidas, etc., sobressaiu por trabalhos da mais alta valia, se
além de numerosas oficinas, salientando-se as ligara, desde a mocidade, à gerência industrial,
de iundição e de marcenaria, carpintaria e ser- como um dos fundadores da mais antiga fábri-
raria. ca de fiação e tecelagem do Estado. Em 19 19,
êsse estabelecimento, que fôra destruido em
grande parte em 1912, se renovava, fabrican-
Cabe menção especial ao estabelecimento do rêdes enquanto não chegavam novos equipa-
de moagem de cereais, a vapor, que, conjunta- mentes para suas oficinas.
mente com uma tipografia, funcionava no pré-
dio de n. o 183 da rua Sena Madureira, sendo
proprietário de ambos o industrial Álvaro da Para a secretaria do Centro Industrial foi
Cunha Mendes, cearense dotado de grande es- efeito, na mesma ocasião, Pedro Filimeno Fer-
pirito de iniciativa. Em 19 15, êle tomara a seu reira Gomes e para tesoureiro Teófilo Gurgel
cargo a publicação de um jornal de feição mo- Valente, sendo de notar que nenhum dêsses
derna, aparecido como órgão do Diocese de industriais figurava na diretoria que adminis-
Fortaleza: o "Correio do Ceará". Êsse fato trava, então, a Associação Comercial do Ceará,
..:oncorreu para torná-Io influente na sociedade existente na capital cearense desde o século an-
'ortalezense, particularmente nos setores eco- terior e onde predominavam, evidentemente,
nômicos. os comerciantes, com seus interêsses.
Página 16 INDúSTRIA CEARENSE