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Talvez o unncioal defeito da tradição bro- qualificação do mão-de-obra, e dai projetar o

si'eiro no tratamento do educação resida na sua proçroma educacicnai. É claro que essa meto-
conceituação como bem de consumo, até de dologia envolve uma série de hipóteses de tra-
consumo supériluo, às vêzes, e não como insu- balho que, como tôda projeçõo econômica, es-
mo básico para o desenvolvimento. A cultura, tão sujeitas a falhas. Contudo, apesar de tôdos
no nosso sentido tradicional, era um comple- as imprecisões, ela é capaz de conduzir a um
mento refinado ao lazer e não um instrumento srsrerno educocional mais coerente do que o Que
de trabalho. A erudição exibia-se nos salões resultará das decisões descoordenadas a priori.
e re. Jl1iões sociais, não na produção e nos ne- Deve-se reconhecer que essa metodologia jó
góc..ios. Doi a ênfase desproporcionada nas vem sendo aplicada aos planos de educação,
chamadas" humanidades" e o descaso à forrna- graças sobretudo aos esforços do Ministério do
çóo csentiticc, Lembre-se, nêsse sentido, que Planejamento. No caso brasdeiro, essa visuo-
muitos dos chamados "homens cultos" no Bro- lizoção econômica do problema educacicnol
si! são incapozes de somar iroçêes crdinàrias conduz a uma série de observações que recla-
com denominadores diferentes. mam urgentes providências do Govêrno. No
ensino primário o problema mais dramático re-
stde no binômio repetência - evasão, (cêrco
Por mais agradável que essa tradição pos- de 60 % dos alunos que ingressam na or.meiro
so parecer é de se convir que pelo menos em série são reprovados) o que congestiona insu-
aois pontos, elo frusta profundamente os obJe- portàve/mente os primeiros anos, limitando a
tivos de qualquer sistema educacional, Primei- insponibiíkiade de vagas. Quando os inc.ces de
ro por se associa," o um mecanismo absoluta- repeiéricia atingem essas proporções alarman-
mente aristocrático, capaz de proporcionar ~es, a sugestão imediata é que se exijo menos
grandes eniêvos a certa classe minoritária, mas das alunos da primeira série, dentro de um es-
incapaz de atingir as massas. Segundo, ela ser- quema de adaptação regionais.
ve paro ampliar, mas pouco ajuc/a a gerar êsses
desenvolvimentos. Seria certamente caricato
pintar o quadro do ensino brasileiro como pre-
dominantemente dominado por essa tradição
.- não há como esquecer os importantes pro- o ensino médio, salvo em pequena oro-
gressos alconçados na educação cientifica. Mas porçõo, não se entende como um ooietiv» em
muitos resquicios ainda persistem. E, em par- si, ooesor da maioria dos seus egressos não des-
ticular, há que reconhecer que boa porte rio tinarem às universidades. O ensino superior,
ensino brasileiro tem sido moldado em concep- ex tremamente oneroso em têrmos de custo por
ções o priari, e não no avaliação objetiva das aluno, distribui mais diplomas do que quoht.ca-
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necessidades do desenvolvimento. ções para enfrentar o mercado de trabalho,
tende-se expond.do exageradamente nos Focui-
dcdes de Direito, Filosofia e Economia, e conti-
Que/quer tratomento pragmático do tn c- n ....•ando quontiiativomente deficiente na Enge-
blema educacional deve partir de uma angu- r.horia, Medicinu € Agro/1.)mia. Todos êsses
lação bastante diferente. Primeiro é necessá- problemas já estão convenienteme-ae diagnosti-
río construir um quadro do que se espera paro cados e com as soluções satisfatoriamente pla-
o futuro desenvolvimento econômico do Brasil. nejadas, pelo menos nas linhas mestras. O Im-
A partir de então, dêsse quadro será necesscrro portante, no momento, é passar da fase do plo-
avaliar as necessidades dos diferentes tipos de no para a de execução.

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