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Em matéria de balanço de pagamentos, dário tentasse aprofundar-se em direção à au-
graças a uma politica bem orientada de câm- to-suficiência e à maximização dos indices de
bio e de exportações, escapamos àquela ten- nacionalização. No momento em que o desen-
dência sistemática ao deficit para nos trans- volvimento econômico passa a depender, em
formarmos num pois equilibrado, com um las- muito maior escala, do crescimento das expor-
tro satisfatório de reservas internacionais. O tações e da ampliação do mercado interno, te-
regime da taxa cambial flexivel, instituido em mos que rever essa filosofia, adaptando-a às
oçôsto de 1968, estabilizando a renda real dos metas de baixa de custos e do enquadramento
exportadores e desincentivando os movimentos nos moldes internacionais de competitividade, o
especulativos de capitais, vem sendo o mais que só pode ser obtido pela assimilaçãa da tec-
importante esteio dessa politica. Confiamos em nologia mais avançada. Em realidade, o que
que, dentro da orientação troçado, não mais se poupa de divisas pelo excesso do protecio-
se repetirá aquêle quadro deprimente que, no nismo aduaneiro é, amiúde, muito menos do
passado, nos situava como um pais à beira da que aquilo que se deixa de ganhar pela desclas-
insoívéncia internacional, e que, em futuro rela- sificação no mercado internacional de um subs-
tivamente próximo, poderemos incluir em nos- tantivo potencial de oportunidades de exporta-
sa pauta de vendas ao exterior um bom con- ção.
tingente de exportaçães industriais.
Desafogadas as tensões de curto prazo, Senhor Presidente,
cumpre-nos alargar os horizontes e pensar num
futuro meus distante, para o qual ambicionamos A Indústria brasileira proclama que desen-
o pôsto de nação desenvolvida. E na perspec- volvimento é processo árduo, incapaz de ser
tiva dêsses horizontes, pelo menos três gran- alcançado por passes de mágica. Não prescin-
des problemas devem ser aventados: o da pou- de, portanto, do trabalho inteligente, do esiõr-
pança, o da reestruturação industrial e o da ço de poupança e da racionalidade administra-
formação de recursos humanos. tiva de todos aquêles que se responsabilizam
pela engenharia do progresso nacional. Esta-
mos também convencidos de que cada um de
o primeiro dêles é o de dispormos de re- nós, antes de perguntar o que a Nação lhe po-
cursos quantitativa mente necessários à auto- de dar, deve definir a sua contribuição à Pá-
sustentação de um crescimento acelerado. No tria, dentro da já clássica formulação de John
mundo atual em que vários paises contam cem Kennedy. E a nossa contribuição se fundamen-
taxa de poupança superior a 25 % do produto ta na crença de que a livre emprêsa - pela
nacional, - onde se encontra até o exemplo simplicidade de seus mecanismos de reação,
da Japão que vem mantendo uma taxa de in- pela rapidez das decisões e comunicações, pela
vestimentos da ordem de 35 %, não nos pode- sua vinculação à iniciativa e ao bem-estar indi-
mos cingir aos 16% de poupança registrados vidual oferece modêlo ideal para o desenvolvi-
nas últimos anos. As necessidades do forta- mento acelerado do Brasil.
lecimento da infra-estrutura e do reequipamen-
to da indústria recomendam rápida elevação
dêsses indices. Para tanto, é mister que se Senhor Presidente,
continuem comprimindo as despesas de custeio
do setor público, que se ampliem os incentivos
à poupança pessoal e que se reforcem os lucros Confiamos em que a orientação da poli-
reinvestidos nas emprêsas, com principal fonte tica econômica empreendida pelo Govêrno de
que são da capitalização no setor privado. E, Vossa Excelência, com pragmatismo e raciona-
acima de tudo, que se mantenha uma politica lidade técnica, trace o caminho duradouro do
que compreenda que a prodigalidade no con- progresso brasileiro, que nos deixará definiti-
sumo presente equivale à avareza do bem-estar vamente livres da categoria de subdesenvolvi-
futuro. dos.
Em matéria de estrutura industrial, deve- A CONFEDERACÃO NACIONAL DA IN-
mos reconhecer que o Brasil conseguiu erguer, DÚSTRIA, depositári; das aspirações de pon-
com extrema rapidez, o seu parque manufa- derável parcela do empresariado brasileiro,
tureiro, mas que agora precisa oprimorá-Io no saúda Vossa Excelência, na convicção plena de
sentido da produtividade. Numa época em que que estomos dando inicio a um nôvo periodo
a tônica do desenvolvimento consistia essencial- da História, fiel às tradições do passado, mas
mente na industrialização substitutiva de im- cem o pensamento e o ânimo voltados para o
portações, era compreensivel que o setor secun- futuro.
~ÚSTRIA CEARENSE Página 3