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INDUSTRIALIZAÇÃO E MÃO-DE-OBRA



Luis Esteves
VICE-PRESIDENTE DA FIEC
o Ceará e todo o Nordeste estão empe- uçõo já itrmoda em longos e proveitosos ano~
nhados no luta pela sua industrialização. de experiência.
Órgãos oficiais e setores empresariais N50 é a construção de fábricas e a rnon-
dão-se os mãos, visando oferecer formo prá- togm d~ máquinas modernas que nos dará pas-
tico e eficiente a essa campanha, que implico saporte para sair da área do subdesenvolvimen-
não só no nosso sobrevivência, como também to.
interessa 00 nosso futuro. A administração e a operação racionais,
Na implantação de novas indústrias já cuidadosos e eficientes dessa maquinária, é que
alcançamos quase o ponto ideal. O número poderão nos dor um lugar ao sol no panora-
de projetos e de execuções diz sobejamente ma da indústria nacional. especial e
um tratamento
Urge,
assim,
da atividade intensa nêsse setor. urgente para a preparação da mão-de-obra.
Mas, na batalha de vida ou morte do Aqueles mesmos setores que cuidam da ampli-
Nordeste, há um aspecto importantíssimo re- ação da nossa indústria devem ser alerta dos e
clamando urgente e aplicada atenção. chamados para essa faceta da luta contra o
Referimo-nos à mão-de-obra. subdesenvolvimento.
~ foto inconteste a abundância de mão- Não se pede a criação de novos centros
de-obra no Nordeste. Sempre fomos reg-ião de preparaçõo onde êles já existem. O aten-
exportadora de trabalho humano. Trabalho dimento às suas necessidades mínimas, através
que era absorvido pelas atividades industriais de equipamento moderno e do contratação de
mais elementares ou pela agricultura mais ru- professêres de alto nível técnico, é o cami-
dimentor de outras regii:es. nho lógico e prático para pôr nossos futuros
A preparação e o aprimoramento dessa coerártos em dia com modernos técnicas indus-
mão-de-obra nunca fei objeto de maiores pre- triais.
ocupações entre nós. Não havendo motivação, Ao nosso aprendiz não falta capacidade e
se compreende que faltasse entusiasmo nessa inteligência.
tarefa. Antes, sua fócil ccmpreensão e adapta-
Órg50s oficiais, como a Escola lrdustria! cão a inovações é reconhecida e proclamada
e o SENAI, num trabalho anônimo e admirável, por técnicos qt.;e já tiverem oport ..snidode -de
sempre cuidaram de criar novos operários qua- mensurá-los.
lificados, mas dentro dos limitações da sua Porque negar-Ihes, então, a oportunidade
ialta de recursos financeiros, materiais, didá- de se atuolizar cem os últimos avanços da in-
tICOS. Por seu lodo, escolas técnicos sustento- dústria?
das por organizações particulares, religiosa:; Diante dessa realidade seria mesmo licno
ou classistos, contribuem, há algum tempo. contar pontos extras para todo projeto indus-
com sua parcelo de esfôrço e dedicação nessa trial que, aprovado, se dispusesse o instituir
tarefa. , cursos de preparação de mão-de-obra.
Enquanto estávamos presos à' estrutura Medidas como essa teriam alto e lucrativo
cgrícola-pastoril que caracterizava nossa eco- valor para a rentabilidade da indústria regio-
ncmia, oouelo excelente mos inexpressiva pre- nal.
paração de operárias especializados supria as Não se pode contra-argumentar com o
necessidades do nosso modesto parque manu- perigo de haver soldo ocioso dessa m-ão-de-obra
iotureiro. assim preparada, desde que os outros centros
M:Js hoje, ao lado de qualidade, necessr- industriais do país lutam com a mesma carência
tamos urgentçmente de quantidade. a que nossa talta de previsão poderá nos ar-
Não estamos levantando um complexo in- rostar.
dustrial para atender ao dia de hoje. Os es- Não haverá desculpa nem justificação se
tímulos fiscais e incentivos oficiais por que não aproveitarmos aquilo que a experiência es-
tanto lutamos são investimentos para o amo- tá o gritar para que ouçamos:
r.hã. O subdesenvolvimento se combate com
Mais do que simples industnolização, nos- instrução; não se pode pensar em desenvolvi-
sa meta é a atualização de técnicos de pro- mento sem instrução técnica.
aução, o aumento de índice de produtividade As fábricas estão se instalando.
e, finalmente, a conquista de mercados onde As escolas técnicas, precisamos dinami-
teremos, sem dúvi ia, que enfrentar a compe- zá-Ias.

INDúSTRIA CEA RENSE Página 3
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