O
repassar das páginas da história nos mostra, como uma de suas épocas
mais fascinantes, a dos conquistadores e desbravadores.
Tocado
pelo insopitável desejo do novo e sempre atraído pelo desconhecido
e pelas interrogações, o homem navegou oceanos e mares, galgou montanhas
e cordilheiras, varou desertos, embrenhou-se nas florestas, atravessou
planícies e savanas, enfim entrego-se à aventura e ao destemor para
se assenhorear de um pedaço de terra ou de um continente, e, para
afirmar a posse do tesouro duramente conquistado, erigiu a bandeira
como símbolo da propriedade, bandeira hasteada num mastro fincado
na terra como um sinete de identificação plena.
Apesar
de nascidas do desejo de romper o horizonte e de prescutar o poço
sem fundo do futuro, essas conquistas quase sempre trazem a marca
da ambição, mesmo quando feitas em nome de terceiros.
Daí é que nasceram os reinados e os impérios berço das tiranias e das
ditaduras dos desmandos e do arbítrio, mas a esses percalços sempre
resistiu aos desgastes do tempo a fibra dos que desempenharam a
tarefa inerente de alargar cada vez mais as primícias do mundo até
transforma-lo na aldeia eletrônica do presente.
ILUSTRES AUTORIDADES, SENHORAS E SENHORES
Em determinado instante de
sua existência a federação das indústrias do estado do ceará sentiu
o desejo e a necessidade de crescer e partir para a renovação.
A expansão de suas atividades pedia mais espaço e melhores condições de trabalho.
Lançou-se então a aventura
da conquista de novas fronteiras materiais à empreitada desta construção
hoje se inaugurando.
Aqui
ela esta há mais de um ano.
Com todos os seus departamentos
implantados, com seus serviços funcionando, exercitando e aperfeiçoando
cada vez mais sua atua cão junto aos industriais cearenses.
Nas suas salas e auditórios
já se realizaram reuniões, seminários, mesas redondas, congressos,
debates, negociações, cursos e eleições.
No seu pátio já foi anteriormente,
celebrada cerimônia religiosa:
Nos seus anais estão registradas
as visitas honrosíssimas, do Presidente da República, e por muitas
vezes, do nosso governador – empresário - industrial. sua agenda
já acolheu o nome de ministros, secretários de estado, políticos
de todas as esferas e tendências, parlamentares, reitores, militares,
industriais deprol, técnicos de nomeada, expoentes do saber, enfim
todas as autoridades e figuras do maior relevo nas atividades federais,
estaduais e municipais.
Diante disso é justo indagar:
como e porque inaugurar hoje, o que já está de fato inaugurado?
o que mais fazer se a atividade febricitante da FIEC na realidade
já desatou por tantas vezes o laço da fita simbólica de inauguração?
Sim, tudo aparentemente foi
feito.
Mas, propositadamente, reservamos
a solenidade maior, inédita, para assinalar este momento.
Aqui chegamos, aqui conquistamos,
aqui já estamos trabalhando incessantemente, esperando o minuto
de marcar solene é protocolarmente essa conquista.
Ele chegou: pela primeira
vez, nesta casa, se hasteou a bandeira nacional e foram entoados
os acordes do hino nacional.
Como
fizeram os admiráveis conquistadores e desbravadores, somente hoje
fincamos a marca da propriedade.
Ela
não vem porém eivada pela ambição, nem pelo egoísmo.
As
cores verde-amarela que panejam, pela vez primeira, no alto do mastro
principal da federação das indústrias do estado, dizem que o industrial
cearense ergueu a sua bandeira, luta, trabalha e se aplica desprendidamente
na certeza de que esta construindo a pátria soberana e pujante do
futuro.
A terra melhor e mais dadivosa
para seus filhos, e a riqueza mais justa e mais equânime para seu
país e seu povo.
Com este ato consagramos esta
instituição de serviço, de estudo, de progresso e de desenvolvimento
ao nosso estado e ao nosso pais, bem conscientes da responsabilidade
que assumimos.
Pode parecer estranho que
com tal disposição aqui estejamos praticando o continuismo repetindo
a posse de mesmos dirigentes numa época em que mudar é moda.
Mas
proclamamos que nos reelegemos - dentro dos limites de nossos estatutos
- não como uma afirmação de apego ao poder mas com a intenção de
permitir que um trabalho incompleto tenha curso e seja ultimado.
Mudar, simplesmente, não significa
melhorar, nem vencer.
Mudar sempre mudaram os regimes
que já governaram o nosso país.
Já fomos capitanias hereditárias,
colônia, reinado, império, república velha e nova, ditadura de todos
os nomes, estado novo, administrações rotuladas de esquerda, democracia
de todos os matizes e hoje de novo estamos a procura de uma receita
para os sintomas que sempre sabemos quais são mas cuja origem sempre
evitamos apontar franca, aberta e lealmente.
Por isso ë que diante dos
sucessivos fracassos não nos restou outra solução senão a de olhar
ao redor e encontrar um culpado. E julga do seu dever pedir a reflexão
da nossa comunidade para esses fatos.
Aqui na Federação das Indústrias
do estado do Ceará estamos tentando assim agir e se pouco o fizemos
até aqui, mais o faremos daqui por diante.
Porque sabemos que ao problema
do brasil teremos, quer queiramos ou não, de aduzir o problema do
Nordeste.
Continuaremos a clamar pelo
auxilio dos mais aquinhoados, continuaremos a reivindicar a aliança
com os mais poderosos. e aos que nos perguntarem o que temos para
dar em troca, lhes mostrarmos o inacreditável da nossa sobrevivência,
mais ainda, do. Nosso crescimento inexplicável acima dos índices
do brasil mesmo se aceitarmos as teses muitas delas extremadas inverídicas
e obtusas de que tais resultados foram obtidos a exploração do homem
pelo homem.
Reconhecemos que nossos problemas
crónicos ainda pedem solução. resolvê-los é nossa responsabilidade.
Sem a ajuda dessa valorosa
diretoria que hoje se empossa, sem o patrocínio da CNI por seu presidente
Albano Franco, sem o entendimento e a colaboração de todos os caríssimos
presidentes de todas federações, sem a vigilância e a critica da
imprensa, sem o trabalho absolutamente indispensável dos companheiros
empresários de todos os setores, sem a convivência cordial e operosa
com as autoridades, sem o indispensável e generoso trabalho dos
nossos funcionários, certamente teríamos que procurar ao fim do
mandato que hoje se inicia um culpado ou culpados para o nosso insucesso.
Isso não acontecerá.
E o dizemos com absoluta convicção.
Estamos no limiar da era brasileira
do entendimento, da compreensão, do diálogo, da busca penosa mas
inadiável de um equilíbrio social que pede de cada cidadão sua adesão.
O industrial cearense aqui
está oferecendo sua determinação de não ser omisso ou indiferente.
Ele encontra, no passado e
no presente, exemplos magníficos nos presidentes da CNI:
EUVALDO
LODI - sem sombras de dúvidas, uma das maiores expressões
das lideranças empresariais brasileiras. com sua largueza de visão
e de atitudes nos diversos encargos que lhe foram confiados sempre
ressaltando a importância da industrialização no processo de desenvolvimento
do país.
AUGUSTO
VIANA RIBEIRO DOS SANTOS - operoso e inteligente, exerceu destacadas funções no estado da Bahia,
antes de, ter sido guindado à presidência da CNI.
LÍDIO
LUNARDI - empresário mineiro, que lutou,
denotadamente, para que o governo dispensasse tratamento igualitário
aos capitais estrangeiros e nacionais, alem de frisar a importância
do capital privado no combate ao subdesenvolvimento.
HAROLDO
CORREIA CAVALCANTI - político alagoano, assumiu a presidência da CNI, sucedendo ao primeiro
mandato de domício VELLOSO DA SILVEIRA. permaneceu no cargo até
a eclosão do movi mento militar.
EDMUNDO
DE MACEDO SOARES E SILVA – nome de grande expressão no contexto industrial do país, com larga
experiência no setor siderúrgico, para o qual contribuiu de forma
decisiva e atuante além da sua passagem por importantes cargos públicos,
como o ministério de viação e obras públicas, governo do estado
do Rio de Janeiro e ministério da indústria e comércio.
THOMAS
POMPEU DE SOUZA BRASIL NETTO - na sua gestão sempre encarou a descentralização industrial como uma
necessidade ao apoio da política de substituição de importações,.
Realizando em vários estados encontros de investidores, para que
os empresários do centro-sul conhecessem os setores mais atrativos
de cada estado, assim como os incentivos para viai3ilizá-los, privilegiou,
acentuadamente, as atividades assistências e recreativas.
DOMÍCIO
VELLOSO DA SILVEIRA - no seu segundo mandato à frente da CNI, estabeleceu uma série de metas,
destacando-se; a retomada da livre iniciativa do mercado; o fortalecimento
e estímulo à indústria nacional privada, o desenvolvimento tecnológico
nacional e simultâneo à formação e treinamento de técnicos de nível
médio e a criação do instituto nacional de desenvolvimento industrial
para dar assistência técnica e gerencial as pequenas e médias empresas.
SENADOR
ALBANO DO PRADO PIMENTEL FRANCO - que tem
caracterizado a sua gestão por uma defesa firme dos interesses do
industrial brasileiro, sem, no entanto, postular sob a intransigência
que, em outras épocas, marcou a relação entre trabalhadores e empresários
vem, de há muito, defendendo um movimento de entendimento nacional,
envolvendo governantes, empresários e trabalhadores, a fim de que
as soluções para a crise brasileira não continue penalizando, de
forma mais intensa, o segmento assalariado em detrimento dos demais,
sua formação democrática, leva-o a ser receptivo a novas ideias
e estimulador de divergências respeitosas, como maneira de absorver
sugestões, análises e avaliações que traduzem uma contribuição ao
esforço para o crescimento da economia brasileira, em oposição aos
riscos de uma provável recessão.
Todos
esses ilustres paradigmas compondo com os ex-presidentes da Federação
das Indústrias do estado do Ceará; WALDIR DIOGO DE SIQUEIRA, THOMÁS
POMPEU DE SOUZA BRASIL NETTO, JOSÉ RAIMUNDO GONDIM, FRANCISCO JOSÉ
ANDRADE SILVEIRA E JOSÉ FLÁVIO LEITE COSTA LIMA, a galeria de honra
que agora inauguramos.
Hoje o industrial cearense bebe inspiração na postura de vanguarda e na visão
ampla do atual colegiado da CNI, traduzindo sua inquietação e disposição
para acompanhar os novos tempos no documento ”CNI - anos 9O”
bússola para a nossa modernização.
Já não precisaremos, de agora
por diante, declarar a posse da nossa liça.
A
hora é de trabalho e decisão.
O
futuro deve nos pertencer como resultado da construção de uma sociedade
justa onde devem se aplainar as desigualdades sociais e ser banida,
ou pelo menos combatida sem trégua a miséria.
Meus
senhores, minhas senhoras:
Hasteamos pela primeira vez, hoje, a bandeira brasileira
nesta federação.
Envolta pelas suas cores lá está escrito nosso lema: ordem que não existe sem
disciplina - progresso - que só se constrói com trabalho.
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