Cada
ano, a 25 de maio, em consonância com os industriais de todo o brasil,
esta federação promove no ceara as comemorações que assinalam o
“dia da indústria”.
A
constância da festividade já tornou o evento uma tradição.
Este
ano não conseguimos fugir ao questionamento dessa realização quando,
aparentemente, não existiriam motivos para a festa e alegria.
Pelo
contrario, se justificaria inevitável sensação de inconformidade
e insegurança.
Ha
alguns anos, a falta de uma política econômica confiável, consistente
e exequível, mergulharam os setores produtivos do país em um permanente
estado de inquietação onde se destacou a desordem econômica indutora
das greves inconsequentes, enquanto deveriam e poderiam se afirmar
em últimos recursos, racionais, responsáveis e conscientes.
A falta de legislação complementar
e ordinária aos preceitos constitucionais vigentes, tem levado o
poder executivo a se socorrer de medidas provisórias, na mais das
vezes, não representativa do pensamento da sociedade e sem oferecer
o encaminhamento mais conveniente e adequado para superação dos
problemas.
Relativamente a nossa região
o dualismo econômico de há muito referido entre o Norte-Nordeste
e Centro-Sul, não tem sensibilizado os sucessivos administradores
do poder central, que estão permitindo, inclusive, o fato mais grave
cobrador de uma solução tanto mais difícil quanto custosa, qual
seja o aprofundamento do hiato econômico intraregional.
Os fenômenos cíclicos, alternando
períodos de escassez de chuvas como os que ora experimentamos, de
enchentes em determinadas áreas, fomenta um fluxo migratório, geralmente
em demanda as capitais dos estados fazendo crescer os problemas
de marginalidade social, porquanto a crescente demanda de serviços
urbanos pelos novos agregados não tem correspondência com a capacidade
financeira das prefeituras em satisfazê-los.
Se, por outro lado, a migração
transita em destino ao Centro-Sul, notadamente para a cidade de
São Paulo, passa a se constituir em preocupação para os seus moradores
em razão da sua situação de megalopole não mais suportar aumento
populacional tão vertiginoso, produzindo reações radicais e injustas
como ate a da criação de associação, objetivando inibir a presença
de nordestinos; como se não tivesse sido a mão-de-obra .barata desses
migrantes responsável, Também, pelo notável progresso daquela região.
Tais acontecimentos fazem
parte de fatos históricos registrados ao longo dos anos enquanto
a vontade política do governo federal, até aqui, muito pouco fez
para reter as populações nordestinas nos seus meios, oferecendo-lhes
condições verdadeiras para conviver com as adversidade climáticas
a semelhança de tantos outros povos, em vez de, simplesmente, assisti-los
nos momentos das suas agruras.
Eis o cenário para a comemoração.
Esforço da administração
estadual em por ordem a casa deteriorada e mal arrumada
onde se viu obrigado a atuar. acompanhamos a tentativa hercúlea, mas
não desesperada, gigantesca mas não inexequível, de colocar as finanças
e a economia a primeira pelo menos em razoável seriedade e a segunda
em condições de garantir a absoluta necessidade de demarcar o nosso
desenvolvimento.
Seria desleal não afirmar
que a ansiedade popular já começa a se inquietar com a demora do
cumprimento das metas econômicas do governo, seria, porém, injustiça
não fazer aqui o elogio do realizado e o reconhecimento do alcance
das metas financeiras conquistadas a duras penas, atropeladas pela
instabilidade sócio-econômica que atinge o país.
País em perigo iminente de
se perder na sua complexa potencialidade, evidentemente gerida cada
vez mais com incompetência e, ate irresponsabilidade.
Incompetência e irresponsabilidade
debitáveis a nós próprios cidadãos, empresários ou não, passivos
e acomodados diante da petulância dos assaltantes desonestos dos
poderes constituídos, dos assaltantes oportunistas das lideranças
de qualquer nível social, dos assaltantes da paz, da tranquilidade
e da ordem indispensáveis a construção e manutenção de uma nação
forte e sobranceira.
Cada um pode dar sua contribuição
tarefa de mudar esse quadro.
Ao decidirmos comemorar o
dia da industria pretendemos cumprir uma pequena parte de nossa
tarefa.
Hoje pela manha, no distrito
industrial de Maracanaú lançamos o marco
Da 2ª cozinha industrial do
SESI no Ceará.
Dentro de aproximadamente
um ano estaremos quase dobrando o atendimento de refeições por dia
ë a preços módicos num total de 25.000 diárias.
Isso e atender aos reclamos
dos nossos colaboradores. e a pratica de política social programada
e pragmática, dosada nos limites de nossa capacidade de ação, não
prometida mas pacientemente estudada e planejada para não fugir
a certeza de sua concretização.
Agora, nesta festiva noite
do dia da indústria, aqui estamos cercados pela alegria de receber
nossos amigos.
Queremos lhes dizer da nossa
crença no hoje de olhos postos no futuro sem deixar de olhar o passado
para dele bebermos sabedoria e ensinamento.
Brasileiro tem
a tendência para relegar a história, como se ela não contivesse mais
do que simples registros de acontecimentos de uma determinada época,
mas, de suma importância como explicadora de situações presentes e
capazes de se repetir no futuro, pelo descaso em não aproveitar aquele
evento do passado como referencial as nossas ações.
Por isso e que a federação
das industrias do estado do ceara, aproveitando o acervo de conhecimentos
acumulados pelo economista e historiador, prof. Geraldo da Silva
Nobre, houve por bem solicitar a realização de um estudo sobre “o
processo histórico da industrialização do Ceará”, construindo importantíssimo
sinal na memória desse importante setor, por muito tempo esquecido.
Mencionado
estudo, cujo lançamento temos a honra de proceder, encerra uma penetração
minuciosa das atividades econômicas acontecidas e registradas em
nosso estado, contemplando uma visão a partir do artesanato colonial
ate os empreendimentos surgidos com o apoio dos incentivos fiscais
atualmente empregados em favor do desenvolvimento do nordeste, e
em particular, do Ceará.
Na primeira parte afirma a dependência da indústria cearense
do binômio boi-algodão.
Embora as datas apontem o
setor metalúrgico como pioneiro, com a instalação em 1855 da fundição
cearense, ainda hoje em funcionamento, reconhece a vocação cearense
para as atividades com o couro, fiação e tecelagem.
Daí o crescimento da agro-industrial
e do artesanato industrial com destaque para as inúmeras atividades
espargidas pelos mais distintos municípios cearense.
A cultura do algodão, cada
vez mais intensificada, torna-se a causa da proliferação das usinas
de beneficiamento de algodão, também industrializando o óleo e tendo
o resíduo como subproduto empregado na alimentação dos rebanhos.
Na segunda parte, nominada
“industrialismo e crise” evoca a importância
dos
óleos vegetais, especialmente a oiticica, no processo de industrialização
creditando a Carlito Pamplona e Frankiln Chaves o pioneirismo.
E então que aparece o envolvimento
de importantes personalidades com a industrialização cearense como
Trajano de Medeiros, Pedro Philomeno Gomes, Antonio Pompeu de Sousa
Brasil, Antônio Pinto, Nogueira Acioly e António Diogo de Siqueira.
Na década de 50 renova-se
a acão dos industriais cearenses em busca de soluções para os nossos
problemas ate que a criação do BNB e da SUDENE estabelecem uma nova
perspectiva para mossa economia.
Credita, por fim, ao governador
Virgílio Távora, a partir de 1963, estabelecimento de uma ação governamental
embasada em apoio e planejamento técnicos com a criação do TRIPÉ
BEC, SUDEC e CODEC.
Na crônica das entidades empresariais
representativas da industria livro refere a criação do centro industrial
cearense, em 1919, antecipando-se inclusive, ao estado de São Paulo,
sendo Thomás Pompeu de Sousa Brasil (22), o seu primeiro presidente.
Como
consequência do advento da consolidação das leis do trabalho CLI,
em 19143, surgiu em 12 de maio de 1950 a Federação das Industrias
do estado do Ceará - FIEC, fruto do profícuo trabalho dos engenheiros
Waldir Diogo de Siqueira, que foi seu primeiro presidente e Thomás
Pompeu de Sousa Brasil Netto, seu 12 secretario, tendo como filiados
sindicatos: da indústria de fiação e tecelagem em geral
do estado do ceara, de alfaiataria e confecções de roupas para homens
de fortaleza, da construção civil, da industria de calçados de fortaleza
e da indústria de tipografia de fortaleza.
Até a presente data, enumera
a administração da FIEC pelos seguintes empresários:
WALDIR DIOGO
DE SIQUEIRA - 1950 A 1962
THOMÁS POMPEU
DE SOUSA BRASIL NETTO - 1962 A 1967
JOSÉ RAIMUNDO
GONDIM - 1967 A 1970
FRANCISCO JOSÉ
ANDRADE SILVEIRA - 1970 A 1977 JOSÉ FLÁVIO LEITE COSTA LIMA - DE 1977
A 1986
E
por fim, pela atual diretoria iniciada em 1986 e marcada por um
trabalho de equipe empenhada na conclusão da casa da indústria,
iniciada na gestão anterior, e na solução dinâmica dos problemas
que afligem o setor industrial, tendo sugerido e tornado realidade
junto aos demais presidentes de federações do norte e nordeste os
encontros periódicos para avaliarem e proporem medidas de interesse
das regiões e adoptando ainda, a nível interno da entidade, novo
regimento contemplando a definição de uma estrutura mais agiu moderna
e compatível com os objetivos pretendidos pela diretoria, alem do
plano de cargos e salários, recém implantado.
Tudo isso graças ao desempenho
dos presidentes dos sindicatos e ao assessoramento de um corpo de
técnicos e servidores do melhor escol forrados de inteligência e
dedicação aos seus deveres.
Ao termino, admirando as funções
desenvolvidas pela FIEC e seus órgãos subordinados, SESI, SENAI
e IEL, na casa da indústria, enxerga esses setores, agindo racionais,
dinâmicos e integrados, como um só corpo sólido e interessado no
aperfeiçoamento dos seus objetivos e no cumprimento das metas resultantes
em sucesso para a empresa e melhor assistência. qualificação e bem-estar
para o trabalhador da indústria cearense.
Ao
lado da federação o autor consagra o desempenho do centro industrial
do ceara a partir de 1978/79 sob a gestão de Beni Clayton Veras,
em 1980 de Amarílio Proença de Macedo, em 1981/82 do Dr. Tasso Ribeiro
Jereissati, em 1983/814 de José Serio de Oliveira Machado, em 1985/86
de Francisco de Assis Machado Neto e a partir de 1987, sob o comando
de Fernando Cirino Gurgel, sempre funcionando como fórum de debates
para temas de interesse local, regional e nacional.
Pelo
nosso reconhecimento desse apurado trabalho de pesquisa, neste momento,
pedimos vénia a sua excelência, Dr. Tasso Ribeiro Jereissati, governador
do estado, e para nos, mais que isso, empresário industrial, para,
em nome da diretoria da federação das indústrias do estado do ceará,
entregar ao prof. Geraldo da Silva Nobre, jornalista, historiador
e economista, competente e íntegro colaborador do SESI e’ desta
federação, o qual sempre ofereceu o brilho da sua inteligência e
dedicação de inestimável reconhecimento as muitas missões que lhes
foram confiadas, a placa alusiva a homenagem profissional como historiador
consagrado.
Senhor Governador,
Senhores convidados,
Meus senhores e minhas senhoras:
Pela manhã, repetimos, no
SESI de maracanaú, reverenciamos o homem e trabalho.
Agora, homenageamos a ideia e a memória.
No início dessas palavras
comprometemo-nos a justificar a opção feita pelo otimismo e pela
crença no futuro.
Por que não crer nele, se
esta empenhada toda a sociedade cearense em varias frentes de lutas
?
Quem entre nós não tem presente
a campanha pela ZPE, pela refinaria, pela SIDNOR, pela interiorização
do desenvolvimento, pelo apoio aos desabrigados e flagelados?
Quem
entre nos não sabe que estamos lutando na batalha pela recuperação
da produção agrícola, na cruzada contra a discriminação econômica
desencadeada pelos cartórios e monopólios de alguns estados do Centro-Sul,
no enfretar1ento dos malefícios causados pela inflação e na justa
paga dos nossos assalariados, na vigília sagrada para defender a
democracia plena e efetiva, na defesa contra os que se arregimentam
e municiam para eliminar os incentivos capazes de levantar as regiões
subdesenvolvidas?
Por
que não crer no futuro se todos nos estamos ansiando pela recuperação
do pais, conduzido pelas mãos limpas de um patriota decidido a cumprir
sua tarefa sem condiciona-la a qualquer outro interesse?
Se
temos plena convicção na conquista dessa aspiração senão hoje; senão
no nosso amanha, mas, certamente, no amanha dos nossos filhos?
Sim,
ousamos proclamar otimismo para o futuro, ao fazermos no dia da
industria a louvação da alma e do corpo, ao dizer de publico, com
toda nossa força e com toda nossa esperança, que acreditamos no
homem decidido a vencer pelo trabalho e pela dedicação a sua terra.
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