Não
diremos da honra e alegria de que somos possuídos no momento em
que recebemos a visita de vossa excelência.
Não diremos do orgulho que,
como cearense, sentimos por ter um nosso conterrâneo como o mais
alto mandatário da nação.
Nem sequer diremos da esperança
que nos invade no momento em que um alencarino, da melhor cepa,
ocupa os cargos de presidente da câmara de deputados e de presidente
da república.
Esses sentimentos vossa excelência
não pode ver em nossas mentes, mas pode perceber em nossas fisionomias.
Nem que queiramos, poderemos ocultá-los. assim, desnecessário se
faz proclamá-los.
Inspirados por eles, senhor
presidente, queremos hoje homenagear o homem público que ao longo
de tantos anos de atividade política tem sido um exemplo de combatitividade
e dedicação à causa pública e à terra cearense.
Não queremos cantar loas ao
cidadão Paes de Andrade, mas mostrar a nossa admiração pelo homem
que, saindo do nordeste, de Mombaça, confins do sertão central do
ceará, galga, por méritos próprios, o mais alto posto da hierarquia
pública nacional.
A
atuação do deputado Paes de Andrade começa, em 1950, quando da primeira
vez se elege deputado estadual, daí participando, ininterruptamente,
de todas as lutas políticas que se travaram neste pais. algumas
de caráter restrito, local, cearense; outras, de caráter nacional.
umas parecendo diminutas; outras, soberbas.
Mas em todas, estuando a coragem,
a fibra, a pertinácia e - mais que tudo — a lealdade e o cavalheirismo, servindo
sempre à política,
e nunca à politicagem.
Nestes muitos embates de sua
vida pública, Paes de Andrade colheu muitas vitórias e algumas,
porém, poucas derrotas. E foi justamente nas derrotas que soube
afirmar-se como o político de escol, transformando-as em ensinamentos.
com humildade aceitou-as e incorporou-as ao conhecimento da ciência
política, para mais tarde transfigura-las em vitórias.
Quais delas teriam sido as
mais relevantes? para o político, as vitórias nas urnas talvez tenham
sido as mais significativas; para o deputado federal, a escolha
pelos seus pares para presidi-los, a mais dignificante; mas, para
o cidadão Paes de Andrade, temos certeza que a vitória mais festejada,
foi sua contribuição para reinstalar a democracia no lugar da ditadura,
a vitória do estado de direito sobre o estado de exceção.
A esse feito, dedicou vinte
anos de sua existência, justamente no período da vida em que o homem
adquire a plena naturidade. o melhor de sua existência foi dessa
forma, posta a serviço da democracia, com o esquecimento dos próprios
interesses e até com a imposição de sacrifícios à sua
família, para lutar pelo ideal de restituir a liberdade aos brasileiros.
Esta é a saga do atual Presidente da Câmara
Federal. O hoje presidente da República. e ao entoá-la não estamos
fazendo um elogio gracioso. testemunhamos a verdade.
Senhor presidente, sabemos
que o ideário político de vossa excelência baseia-se no tripé: homem
livre, democracia, nação forte.
Não há, porém, homem livre
se não há economia livre, florescente, onde o bem estar social de
todos os cidadãos não seja o status quo; não haverá democracia onde
proliferem multidões de desnutridos, desempregados, analfabetos.
e não haverá nação forte enquanto esta permitir em seu seio grandes
bolsões de miséria absoluta.
Dissemos no começo desta fala
que não íamos dizer de nossas esperanças, mas temos o dever de proclamar
as nossas certezas:
Estamos certos, de principio,
que toda classe empresarial cearense apoiará incondicionalmente,
a luta para cumprir a etapa, que também sempre esteve no rol de
suas preocupações, qual seja a de tirar o nordestino, da atual condição
de aparvalhamento social e económico.
O primeiro passo dessa batalha
é sustar
a luta geopolítica que os estados nordestinos têm travado entre
si, o que os obriga sempre a receber as migalhas dos cofres da
república.
Sem a integração industrial
dos parques manufatureiros do norte e nordeste, através de uma conjugação
de esforços .em busca do equilíbrio econômico, jamais essas unidades
federativas superarão o subdesenvolvimento.
Pedimos, por isso, ao presidente
da câmara, para que lute com denodo, e com todo seu prestigio para
que aquela casa do povo não desvirtue, através de leis complementares,
o espírito revolucionário da nossa nova carta magna, voltada
para a assistência aos estados carentes.
Constrange-nos, senhor presidente,
constatar que dispositivos constitucionais já estejam sendo descumpridos, e em detrimento,
exatamente, das regiões pobres do brasil.
Temos certeza de que vossa
excelência propugnará pela imediata transferência dos recursos destinados
as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e que não tem sido cumprida,
subtraindo delas montante hoje superior a cem milhões de cruzados
novos, infelizmente ainda acrescidos dos malefícios advindos do
desrespeito à regionalização orçamentária também consagrada pela
constituição.
Queremos, presidente Paes
de Andrade, queridos pais, seja o porta dor do apelo ao deputado
presidente da câmara para que se empenhe pela disciplinação correta
dos depósitos dos recursos relativos a programas e projetos regionais,
bem como de que seja deflagrada uma vigilância constante e incisiva
para que os incentivos fiscais regionais não continuem sendo solapados,
minguando, inexplicavelmente, a cada ano.
Finalmente, senhor presidente,
estamos certos na crença de que o nordeste não é só o “maior bolsão de pobreza
absoluta do ocidente”, mas é também
uma região economicamente viável, capaz de contribuir para a unidade
e o engrandecimento da nação brasileira.
Para isso, repetimos, é
fundamental a eliminação da
diferença econômica em que está afundado o estado do Ceará carente
há muitos anos de um só
empreendimento de grande porte,
cuja exequibilidade só será possível com recursos federais. Uma
vista para fora de nossas fronteiras mostra claramente essa realidade:
enquanto a prosperidade se alça nos territórios de nossos estados
irmãos nordestinos, clamamos inutilmente pela ajuda que nos falta.
Não se argua contra o cearense,
incompetência ou acomodação.
A liderança e o sucesso que
ele sempre conquista quando tenta a sorte noutras terras bem confirmam
a assertiva.
Na verdade carecemos de apoio
para lutar junto com o atual governo do ceará, na sua determinação
e ação para colocar nosso estado em condições de conquistar um lugar
ao sol no progresso e desenvolvimento.
A prova disso é a instalação
recentemente acertada da indústria automobilística em nosso estado
e o esforço para conquistar outros empreendimentos industriais exclusivamente
com recursos cearenses, quer públicos ou privados.
Não nos basta participar,
coletivamente, do projeto das ZPES já aprovado. Necessitamos de
um quinhão próprio que se cristalizará na vinda para o Ceará da
refinaria de petróleo do nordeste, aspiração que já tem toda força
da decisão técnica a nosso favor.
A essa decisão falta se agregar
o fator político e por ele é que pugnamos, na certeza de que o bom
senso, a necessidade de implantar o equilíbrio social no nordeste
brasileiro e o patriotismo guiarão nossos dirigentes para a solução
em favor do ceará.
Nessa peleja vossa excelência
pode ser nosso valoroso guia e aliado.
Quem se empenhou numa luta
de 20 anos pela conquista de uma democracia que era apenas uma ténue
esperança aparente mente inatingível, sabe certamente como batalhar
pela redenção econômica do seu povo.
Povo que não se chama cearense,
que não se chama nordestino, nortista ou sulista, mas povo brasileiro
que deseja ver resgatada a figura do político nacional, íntegro,
expungido de todas as mazelas herdadas de adversas circunstâncias
históricas, defensor da moral, da ética da prosperidade e do bem-estar
da nação brasileira.
Nós sabemos que Paes de Andrade
empenhado nos exemplos de políticos da envergadura e dinamismo dos
cearenses José Martins Rodrigues e Virgílio Távora, nós sabemos,
repetimos, que Paes de Andrade é mais do que presidente da república
é mais que o presidente da câmara, é
a imagem desse novo político
pelo qual esperam todos brasileiros e a quem o empresariado cearense
saúda e aplaude.
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