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Pronunciamento do Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Dr. Luiz Esteves Neto, sobre as consequências do Racionamento de Energia Elétrica na Economia Interna e Industrial do Ceará, para a revista "Painel do Nordeste", em João Pessoa-PB, sob a Presidência do jornalista Mozart Monte-Negro.


Para facilitar o pronunciamento, enumeramos os principais aspectos, já que não e feito em forma de entrevista:

1º)  Qual o. percentual (mais ou menos), que incidiu na medida adotada pelo Governo? Se houve reação favorável ou desfavorável na economia interna do Estado?

R) Ainda não é possível definir, em números, o prejuízo advindo do Racionamen­to, mas o prejuízo existiu e de tal ordem que provocou o descontentamento e apreensão do Setor Industrial, traduzidos na veemente reação dos empresários através de suas entidades de classe.

 

2º) Os usuários cooperaram com a medida?

R) Sim. de forma diversificada, é verdade, mas sempre positivamente. Cite-se por ser de justiça, que o Ceará chegou a economizar energia acima do nível de 14% imposto pela CHESF.

 

3º) Houve prejuízo econômico no Parque Industrial?

R) Mais do que econômico, também social. A diminuição de produção significa de­semprego e menor venda, consequente redução na arrecadação de imposto com o sacrifício de metas, planos e projetos do Governo para sua obrigação de assis­tir à comunidade.

 

4º) Nas condiç6es atuais (ante a indefinição da política econômica), há possibi­lidade da Industria recuperar o tempo perdido?

R) Em nenhuma circunstância ~ possível recuperar tempo perdido, o tempo não re­troage nem se repete. Apenas passa

 

5º) Houve aumento da Produção após o racionamento?

R) Certamente que sim, mas de difícil constatação desde que estamos diante de um resultado sujeito a duas circunstâncias conflitantes quais sejam o fim do racionamento e o início de urna recessão.

 

6º) Houve desemprego, em face da medida?

R) Já respondida no item 03.

 

7º) Outras considerações sobre o assunto, a critério do

R) O Nordeste não deve soltar foguetes e se embandeirar em arco, na ilusão de que o fim do racionamento significa o fim do problema da energia elétrica na Região. Há outros fatores que não permitem nenhum tipo de euforia As próprias autoridades do Setor Energético confessam o precário estado da rede de transmissão e distribuição de energia elétrica no Nordeste e por outro lado, já agora , ainda no inicio das obras da construção da barragem do Xingó, que é essencial para que não mergulhemos em nova crise já a partir de 1990, faltam recursos financeiros para pagar aos empreiteiros. Por isso se fala abertamente na paralisação das obras e se torna necessária a rápida imediata e vigorosa reação das entidades, do empresariado, do próprio povo para que não assistamos a repetição do episódio de Itaparica. O desvio de verbas para aquela barragem é que penalizou os nordestinos com o racionamento agora suspenso. A Federação das Indústrias lança desde agora campanha para se exigir do Governo Federal a garantia de que não voltara a tratar o Nordeste de forma discriminatória.