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Pronunciamento do Presidente da FIEC, Dr. José Flávio Costa Lima, por ocasião da reunião do Conselho de Representantes.
Fortaleza, 06 de fevereiro de 1985



Senhores Diretores, Senhores Presidentes de Sindicatos e Senhores Industriais,

Pareceu-me necessária esta reunião com a presença da base sindical desta Federação, em função do momento histórico que estamos vivendo.

Confesso que não me empolguei com o grande entusiasmo que motivou a massa, em luta por “mudanças”. O termo já se transforma em slogan.

Foi assim no império, na república, em 1930, em 1945, em 64. Tarda a hora da reflexão e o 16 de março vai encontrar-nos a todos – empresários e povo, frente a frente com os mesmos problemas econômico-sociais de hoje, que teremos de assumir na reabertura das instituições democráticas deste país.

Vencida a batalha da eleição, vai começar a guerra da administração.

O discurso de esquerda transita como retórica legítima no Brasil político, também assumido pelo centro e pela direita, que repete as mesmas ladainhas vagas.

A ideologia é falsa, o cantochão é fofo, sem conteúdo cívico, sem embasamento ético.

Enquanto isso, o jogo das  personalidades, em busca das posições, dá-nos uma amostragem do que serão as mudanças. O clamor que as agitava em praça pública já se amorteceu e seu eco nem repercute mais, perdendo-se no pragmatismo das espertezas, elas se movimentam nesse balet burlesco a que a nação assiste, marcado por uma coreografia de concupiscência, exacerbada pela licenciosidade dos tempos e alimenta pela impunidade.

Assombrava verificar que enquanto se luta pela prerrogativa do legislativo, movimentam-se os “trens da alegria”, nos quais nossos representantes são passageiros, com bilhetes de comissão ou de omissão.

Ortega Y Gasset nos ensina que: “A grandeza das nações depende mais da disponibilidade dos muitos homens comuns com a consciência dos seus deveres cívicos, do que da disponibilidade de grandes homens”.

Com quem contaremos no “Day after”?

Quais as alterações de política econômica que estão por vir?

Que é pacto social?

“Fica proibida a enumeração de objetivos gerais com os quais todo mundo está de acordo. É compulsória a especificação e métodos, instrumentos, agentes econômicos e prazos de execução”.

É o ensinamento de conhecido sociólogo político, no aranzel que aí está, sobre as soluções e o momento nacional.

Por isso não vos falo de SUDENE, de inflação, de “Muda Nordeste”, nem de hipoteca social.

Adiro à compulsoriedade antes aludida: a hora é de métodos; instrumentos, agentes econômicos, prazos de execução...

Aqui entram os que trabalham e os que dirigem a produção. O meio legítimo são os sindicatos e suas federações.

Daí, ter procurado, desde a primeira hora, dar idoneidade sindical à nossa Federação, convocando a todos para o trabalho.

Entendo que precisamos de fortalecer-nos para o debate a que seremos chamados.

Acredito que o Brasil pode mudar. Depende do nosso preparo, da nossa brasilidade, da revolução pelo cumprimento da lei, e da punibilidade dos que abusam do poder político e econômico. Confiemos no presidente Tancredo Neves.

Que cada um procure valorizar o seu sindicato. A federação, como traço de união, pode dar valiosa colaboração.