Senhores
Diretores, Senhores Presidentes de Sindicatos e Senhores Industriais,
Pareceu-me
necessária esta reunião com a presença da base sindical desta Federação,
em função do momento histórico que estamos vivendo.
Confesso
que não me empolguei com o grande entusiasmo que motivou a massa,
em luta por “mudanças”. O termo já se transforma em slogan.
Foi
assim no império, na república, em 1930, em 1945, em 64. Tarda a
hora da reflexão e o 16 de março vai encontrar-nos a todos – empresários
e povo, frente a frente com os mesmos problemas econômico-sociais
de hoje, que teremos de assumir na reabertura das instituições democráticas
deste país.
Vencida
a batalha da eleição, vai começar a guerra da administração.
O
discurso de esquerda transita como retórica legítima no Brasil político,
também assumido pelo centro e pela direita, que repete as mesmas
ladainhas vagas.
A
ideologia é falsa, o cantochão é fofo, sem conteúdo cívico, sem
embasamento ético.
Enquanto isso,
o jogo das personalidades, em busca das posições, dá-nos uma amostragem
do que serão as mudanças. O clamor que as agitava em praça pública
já se amorteceu e seu eco nem repercute mais, perdendo-se no pragmatismo
das espertezas, elas se movimentam nesse balet burlesco a que a nação
assiste, marcado por uma coreografia de concupiscência, exacerbada
pela licenciosidade dos tempos e alimenta pela impunidade.
Assombrava
verificar que enquanto se luta pela prerrogativa do legislativo,
movimentam-se os “trens da alegria”, nos quais nossos representantes
são passageiros, com bilhetes de comissão ou de omissão.
Ortega
Y Gasset nos ensina que: “A grandeza das nações depende mais da
disponibilidade dos muitos homens comuns com a consciência dos seus
deveres cívicos, do que da disponibilidade de grandes homens”.
Com
quem contaremos no “Day after”?
Quais
as alterações de política econômica que estão por vir?
Que
é pacto social?
“Fica
proibida a enumeração de objetivos gerais com os quais todo mundo
está de acordo. É compulsória a especificação e métodos, instrumentos,
agentes econômicos e prazos de execução”.
É
o ensinamento de conhecido sociólogo político, no aranzel que aí
está, sobre as soluções e o momento nacional.
Por
isso não vos falo de SUDENE, de inflação, de “Muda Nordeste”, nem
de hipoteca social.
Adiro
à compulsoriedade antes aludida: a hora é de métodos; instrumentos,
agentes econômicos, prazos de execução...
Aqui
entram os que trabalham e os que dirigem a produção. O meio legítimo
são os sindicatos e suas federações.
Daí,
ter procurado, desde a primeira hora, dar idoneidade sindical à
nossa Federação, convocando a todos para o trabalho.
Entendo
que precisamos de fortalecer-nos para o debate a que seremos chamados.
Acredito
que o Brasil pode mudar. Depende do nosso preparo, da nossa brasilidade,
da revolução pelo cumprimento da lei, e da punibilidade dos que
abusam do poder político e econômico. Confiemos no presidente Tancredo
Neves.
Que
cada um procure valorizar o seu sindicato. A federação, como traço
de união, pode dar valiosa colaboração.
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