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Pronunciamento do Presidente da FIEC, Dr. José Flávio Costa Lima, na solenidade de posse da Diretoria Eleita para o mandato do triênio 1983-1986.
Fortaleza, 16 de setembro de 1983


Senhores Industriais,

Reconhecer as redobradas responsabilidades que me pesam, em função desta renovação de mandato, seria do protocolo.

Dispenso-me de tanto, pois a própria renovação traduz vossa certeza de que me dedicarei aos programas da FIEC com a mesma identidade de propósito.

Agradeço-vos e vos convoco para as tarefas que são as nossa entidade.

São nossas,como empresários que acreditamos nas virtualidades do sistema democrático e da economia de mercado.

Sabemos que aquelas tarefas são árduas e delicadas, até porque, num país de baixa formação cultural, como o nosso, exigem uma avaliação crítica global, necessária a superação dos problemas que afligem o corpo social da nação.

Disso decorre a necessidade de reivindicações específicas e de atitudes genéricas que, via de regra, suscetibilizam os personalismos dirigentes, responsáveis, no dizer de Aureliano Chaves, pela ausência de uma organização político-partidária definida, a  nível de compatibilizar-se com as necessidades do país.

Achamos que o momento é de participação e que a hora não comporta casuísmo.

Sabemos dos tremendos equívocos praticados em todas as áreas de decisão econômica e conhecemos os déficits estruturais da nossa sociedade.

Avaliamos os desperdícios praticados em nome do desenvolvimento e sabemos medir os sacrifícios que deveremos suportar para recuperar a economia em recessão, sem perder de vista a democracia social, que entende o estado de direito como estado no qual todos participam social e culturalmente dos bens comunitários, já no plano das decisões, já no acesso às formas de melhor distribuição das riquezas.

Os tempos não são de transigências, nem de omissões, tampouco podemos cansar.

Cansados estão nossos irmãos flagelados.

Humilhados e ofendidos, menos pelo vencível agreste da ecologia, do que pela incompetência das burocracias e das oligarquias.

Cansados estão os filhos   de um país rico que, pelas ambições de suas pretensas lideranças, não sabe encontrar os caminhos do trabalho, da produtividade, da participação e do consenso.

Agora, que as fontes secaram, que os fundos se desperdiçaram é de bom tom ser austero.

Permiti-me pois ser austero de palavras, para não me distender sobre as desigualdades regionais, sobre a valorização da SUDENE, sobre o custo do dinheiro, sobre o desenvolvimento e a reforma social; são temas aos quais não renunciamos, que estão permanentemente em nossa pauta de trabalho.

Devo dizer que nossa entidade não faz política partidária, nem se opõe a pessoas.

Deseja, certamente, no exercício de suas prerrogativas legais, defender os legítimos interesses que situam nossa classe no contexto econômico-social do país, que queremos progressista e solidariamente justo.

Neste programa, estou certo de que contarei coma a valiosa colaboração de todos os industriais cearenses e, principalmente, daqueles que compõem a Diretoria desta Federação.