O Espírito que
motiva a indústria nacional para as comemorações do seu dia, encontra,
hoje, imperativos de ordem quase pública para transformá-las em
reuniões de trabalho.
A dimensão dos
problemas econômicos e sociais que aí estão não nos deixa tempo
para festividades. Não há tempo de lazer nem motivo de festas.
De fato, pela
manhã, inaugurávamos em solenidade simples, a cozinha industrial
do SESI, reunidos com as entidades sindicais dos trabalhadores.
Os objetivos
da obra, a primeira do Ceará, têm as mais amplas finalidades sociais
a nível do SESI que, assim, se aperfeiçoa nas metas a que se propôs,
como resultado da exata compreensão da função do capital, num país
em desenvolvimento.
Agora, o ato
que aqui cumprimos, ao entregarmos o “MÉRITO INDUSTRIAL” a personalidades
do governo e a um companheiro de empresa, tem exatamente aquele
caráter imperativo há pouco referido.
Pois os agraciados,
e as tarefas que têm realizado, alcançam as mais amplas repercussões
no campo da produção e do desenvolvimento.
VALFRIDO SALMITO
FILHO tem se credenciado ao aplauso de todos pela coragem de seu
posicionamento diante da problemática dos meios à disposição da
SUDENE, meios muitas vezes discriminados pela tecnoburocracia do
planejamento nacional, que ainda mantêm a questão regional apenas
em suas promessas retóricas. A homenagem que prestamos a VALFRIDO
SALMITO FILHO, estende-se, sem dúvida, à SUDENE, sem a qual a região
já estaria definitivamente inviabilizada.
FIRMO DE CASTRO
– o ex-secretário da Indústria e Comércio, fiel ao aprendizado do
seu currículo universitário, acreditou no desenvolvimento do Ceará.
Teria aprendido
que havendo disponibilidade de recursos, apoio tecnológico e um
plano sensato de aplicação desses fatores, haveria progresso.
Procura de recursos,
aproveitamento de tecnologia, diálogo aberto com os empresários,
foram as constantes do então secretário que o levaram ao crivo das
nossas preferências.
JACKS RABINOVITCH
– quando o Ceará ainda não definira suas opções e o seu programa
de desenvolvimento ainda era uma ânsia, JR não acreditava em nós.
Anos atrás, dando condições à FINOBRASA, em associação com grupo
local. Agora, com a Vicunha do Nordeste.
Sua opção pelo
Ceará, com a respeitabilidade e dimensões do nosso JAQUINHO a nível
nacional, certamente, motivara novas opções de grupos do sul, estimulados
pelo seu exemplo, com uma melhor avaliação dos esforços, desafios
e incentivos cearenses, na nossa batalha pelo progresso do Estado.
Dizíamos que
a reunião era de trabalho. Aqui estão empresários e as mais altas
autoridades do Estado, sinal de que reconhecem as responsabilidades
públicas do empresariado, como parceiros que somos do processo.
Aqui está, também, para maior prazer nosso, o presidente da Confederação
Nacional da Indústria, que distinguiu o Ceará neste dia.
Como diretor
do departamento Nacional do SESI, tudo lhe devemos, na obra que
inauguramos hoje e no Centro e Atividades de Parangaba, a ser brevemente
inaugurado. Ali, ampliaremos a Ação Social que o SESI-CEARÁ vem
cumprindo: educação, saúde, lazer, creches, alimentação, tudo isto
está contemplado no novo centro.
Foi ALBANO FRANCO,
o presidente da CNI e diretor do departamento nacional do SESI,
que respondeu ao nosso apelo, consignando-nos os necessários recursos
para esses empreendimentos.
A ele, nosso
agradecimento. ALBANO FRANCO, o líder empresarial confiável, sério
e intimorato, é também Senador da República. Por isso entendo que
maior autoridade lhe cabe para trazer-nos, neste dia, a mensagem
do Industrial Brasileiro.
Antes de sua
fala, uma homenagem e os cumprimentos da Indústria Cearense ao Governador
Gonzaga Mota. Seu plano de governo obedece à realidade e encara
sem personalismo o problema do Estado, tendo em vista o bem comum.
Nem recua, como vimos na imprensa, Sábado passado, para advertir
da gravidade dos problemas, enxergando, com acurada visão, a iminência
da convulsão social que ameaça levar a nação para um sério impasse.
Há
muito que nós, os industriais brasileiros,temos reclamado a urgente
necessidade da mudança de métodos e processos na atividade política
e pública, negando aplausos às promoções da demagogia.
É
que não temos faltado com a nossa responsabilidade pública, procurando
permanentemente um diálogo sobre os problemas que, coletivamente,
enfrentamos.
“Num
país onde se desencoraja a empresa privada ao mesmo tempo em que
se deteriora a empresa pública, nem se está preparando para uma
expansão capitalista, nem para uma socialização, mas se está simplesmente
deixando-se ir ao impulso de uma corrente descendente, que pode
ancorá-lo numa estagnação e a longo prazo precipitá-lo na desordem
social”.
Foram
palavras quase-proféticas de San Tiago Dantas, pronunciadas vinte
anos atrás.
Enquanto
isso, a tecnoburocracia prospera erigindo-se numa “NOMENKLATURA”
cabocla que só considera a sua sobrevivência, em detrimento dos
superiores interesses nacionais.
“Nem
o empresário deve ser mudo, nem a autoridade deve ser surda”, dizia
o Ministro Camilo Penna. Mas, a intencionalidade de ouvir, no diálogo
que temos pedido à autoridade, é apenas aparente por parte do Governo
que se pretende democrático.
Que
País é este? A pergunta é antiga.
UBI
SUMMUS! Indagava Cícero, contrapondo-se a Catilina, no Senado Romano.
E o império romano sucumbiu!
“E
VÊ DO MUNDO TODOS OS PRINCIPAIS
QUE NENHUM NO BEM PÚBLICO IMAGINA.
VÊ NELES QUE NÃO TEM AMOR A MAIS
QUE A SI SOMENTE, E A QUEM A FILÁUCIA ENSINA.
VÊ QUE ESSES QUE FREQUENTAM OS REAIS
PAÇOS, POR VERDADEIRA E SÃ DOUTRINA
VENDEM ADULAÇÃO, QUE MAL CONSENTE
MONDAR-SE O NOVO TRIGO FLORESCENTE”.
O
poeta maior da lusitana gente referia-se a Dom Sebastião – o novo
“trigo florescente”, que não podia governar por causa dos personalismos
da Corte.
Parece
que as virtualidades da miscigenação de que nos fala Gilberto Freire,
não nos libertou daquelas mazelas ancestrais.
Vemo-las
condenadas em Rui: “O Brasil não é isso”. “Não são os comensais
do erário. Não são os compradores de jornais. Não são os oligarcas
estaduais. Não são os estadistas de impostura. São as células ativas
da vida nacional. É a multidão que não adula, não teme, não corre,
não recua, não deserta, não se vende”.
Que
País é este?
A
pergunta ainda persiste. Ecoou recentemente nas dúvidas cívicas
de Francelino Pereira, o então presidente da PDS.
Falando
na sessão de encerramento do Fórum “Perspectivas da Economia Brasileira
para 1977”, disse o ministro reis Velloso: “Se soubermos agir, poderemos,
transformar o ano de 1977, para o Brasil, em ano de oportunidade.
Oportunidades quanto à redução substancial da inflação, à evolução
de balança do comércio, ao desenvolvimento de setores básicos, como
bens de capital e insumos básicos e a capitalização da empresa privada
nacional”. O resultado aí está!... o resto é silêncio...
Ficamos
com Manuel Bandeira:
“Estou
farto do lirismo comedido
do
lirismo bem bem-procedido
Do
lirismo funcionário público, com livro de ponto
Expediente
protocolo e manifestações de apreço
Ao
Sr. Diretor”.
Muito Obrigado.
|