Sem maiores
comemorações, acreditamos que, nesta reunião íntima da Federação
e do Centro Industrial do Ceará, damos à semana da indústria o relevo
que ela merece.
A
presença do Professor Paulo Bonavides marca, exatamente, a importância
em que temos o evento, aproveitando-o para situar o industrial,
como cidadão, no contexto mais amplo do plano sócio-político nacional.
Pela densidade dos problemas que envolvem a população brasileira
como um todo, sentimo-nos tentados a procurar as lições daqueles
que participam dos valores mais expressivos da cultura que compõem
a comunidade a que pertencem.
Importa abandonar o tecnocrata, que nos levou, pelo primado
do economicismo, ao quase impasse estrutural em que nos encontramos;
tecnocrata alheio da compreensão global do homem na sua essência
ôntica e deontológica e abstraído dos fundamentos da ciência jurídica,
cujo objeto é a conduta humana na sua interferência intersubjetiva.
Não precisamos apresentar-vos o Professor Paulo Bonavides.
Seria considerar-vos ausentes ou omissos do nosso meio.
Seu nome brilha no cenário filosófico nacional, mais precisamente
no da filosofia do direito, onde pontifica ao lado de Miguel Reale.
Antes de transitar aqui, seu nome já se alargara no campo do
pensamento europeu, um scholar das universidades alemãs, como Gilberto
Freire o é das americanas.
Abordando, agora, na imprensa, os mais variados problemas que
se inserem no contexto sócio-econômico do momento nordestino e nacional,
o Professor Paulo Bonavides traz-nos seu pensamento e seu norte
no plano da “praxis”.
Acreditamos,
também, Professor Paulo, que não precisamos de apresentar-vos os
industriais cearenses.
Temos consciência das nossas responsabilidades sociais e queremos
cumprí-las, para o que temos comprometido todos os nossos esforços.
Sabemos que estamos vivendo delicado momento de avaliações, de críticas,
de incertezas e de esperanças.
Sabemos
que o negativismo, a apatia, a transigência ou omissão das forças
sociais representativas, vale dizer, das classes dominantes à altura
de suas responsabilidades, não conduzem aos caminhos da valorização
do homem que a democracia cristã prega e defende. Cristã, porque
quer ser justa, e democracia, porque quer ser representativa.
O problema é de cidadania.
Só pela ação corajosa de todos, se inibirá a demagogia daqueles
que em todos os quadros da pública administração, tradicionalmente,
comemoram sua existência e também sua ineficiência à custa do público.
Sentimos que os problemas não são insuperáveis. Como homens públicos
à altura dos desafios, seremos um país socialmente justo e economicamente
desenvolvido.
Sabemos
que a pedra basilar disto repousa na estrutura do direito público,
na constituição, mas, sobretudo, naquela revolução, que temos ainda
de fazer, pelo cumprimento da lei em todos os quadrantes sociais,
sem o qual se desacredita a sociedade e se anulam as expectativas.
Por isto, estamos aqui, hoje, convosco, este é o industrial
cearense. A palavra é vossa, Professor Paulo Bonavides.
Muito
obrigado.
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