Meus jovens
concluintes:
Honrosa e grata esta oportunidade que nos é oferecida de falar
a um auditório de jovens. Honra-nos, real e profundamente, a lembrança
da escolha de nosso nome para patrono de sua turma. É confortador
sentir que as gerações emergentes nos conhecem e se identificam
com nossas idéias e propósitos, a ponto de preferir-nos para uma
homenagem tão expressiva quanto sensibilizante. Feliz daquele a
quem os moços lançam as atenções.
A par da satisfação de falar-lhes, meus caros amigos, há igualmente
a grande responsabilidade quanto ao que dizer-lhes, sem aquele tom
conselheiral que enfastia, porém com a segurança nascida da experiência
e dos conhecimentos adquiridos no contato benfazejo com os livros
ao longo de muitos anos.
Falar aos moços é falar simples, a linguagem sincera que brota
do coração. Por isso, não queremos saturar-lhes com doutos pareceres
nem substanciosos ensinamentos. Pretendemos apenas dar-lhes uma
pequena parcela de nossa vivência, o que lhes poderá ser útil na
caminhada que encetarão a partir de agora quando, munidos de um
diploma de técnico de nível médio, deixam esta conceituada Escola
Técnica Federal do Ceará.
São
vocês, estimados concluintes, integrantes de um ainda bem reduzido
“clube de privilegiados” desta País. Privilegiados por lograrem
alcançar o final de um curso técnico, eficiente e objetivo, que
lhes abre as portas de um ávido mercado de trabalho. Muitos, milhões
por certo, anseiam por igual sorte sem contudo atingi-la por falta
absoluta de condições. Afinal, só de há pouco tempo para cá, o Brasil
principiou a reunir recursos capazes de permitir-lhe a ampliação
de sua rede de ensino em todos os níveis. Não esqueçamos, porém,
que ainda são alarmantes os índices de analfabetismo no País.
Se pouco e deficiente é o ensino comum, rareando as chances
para amplas camadas em idade escolar, quase nenhum era, até bem
pouco, o ensino técnico-profissionalizante.
O processo de transformação da sociedade brasileira, que deixa,
até mesmo açodadamente, o seu leito agro-pastoril para vir assentar-se
no ritmo trepidante dos grandes centros industriais, essa realidade
nova reclama impacientemente uma indispensável mão-de-obra qualificada.
Sacrificando outros setores, diminuindo ou mesmo negando verbas
para hospitais, para estradas, para pesquisas e tantos outros pontos
fundamentais ao desenvolvimento, o Governo, por outro lado, tem
procurado atender ao apelo angustiante oriundo do setor industrial.
Portanto, caros amigos, vocês são parte dessa resposta, são
pois, aqueles privilegiados a quem o Estado enseja meios para a
formação técnico-profissional, capacitando-os ao exercício de importantes
funções qualificadas no processo de industrialização nacional.
Não se pode, com efeito e de nenhum modo, excluir o seu próprio
empenho pessoal, o seu esforço, a sua responsabilidade de estudantes,
correspondendo aos elevados gastos que a Nação desenvolveu para
ofertar-lhes esse nível de escolarização.
O Governo fez, evidentemente, um investimento. E espera, é
claro, o retorno. Não há dúvidas de que este virá, através de seu
trabalho consciente, honesto e aprimorado, nos diferentes setores
em que logo mais estarão atuando.
Há um dever cívico de parte daqueles a quem a Nação obsequiou
– o da retribuição. Conscientizados deste dever, os jovens técnicos
que recebem neste momento o seu diploma, irão, por certo, dedicar
o máximo de sua capacidade, procurando sempre melhorar os seus conhecimentos,
de modo a trazer uma contribuição valiosa ao gigantesco esforço
realizado pelo País para superar o subdesenvolvimento e a pobreza
que ainda amesquinham a nossa dignidade de povo independente.
Vocês, nós todo o povo brasileiro só seremos realmente livres
na medida em que nos capacitarmos para dinamizar a exploração de
nossa potencialidades, arrancando das mãos de estranhos os instrumentos
básicos da sistemática do desenvolvimento.
Não podemos almejar a liberdade se não possuímos a devida capacitação
para conquista-la. E somente chegaremos a essa capacitação através
do estudo, da responsabilidade, do amor ao trabalho, na incessante
procura das melhores opções para os múltiplos e sérios problemas
que ainda assoberbam a sociedade brasileira.
Dissemos ainda há pouco que aos moços se fala a linguagem do
coração.
Pois de coração lhes dizemos, amigos, que confiamos em vocês,
esperando encontrá-los logo mais na indústria da construção civil,
erguendo moradias para o povo ou abrindo estradas para a circulação
da riqueza; nos laboratórios ajudando a pesquisar e a analisar os
enrustidos elementos químicos que a natureza do Brasil ainda guarda
avaramente; nas fábricas assistindo e garantindo o funcionamento
das complexas engrenagens das máquinas mais sofisticadas e em muitos
outros ramos industriais de que se vêm de tornar técnicos após alguns
anos de curso nesta Escola.
Mas a medida do conhecimento é infinita. Perdoem-nos, assim,
este conselho derradeiro: estudem, prossigam estudando sempre e
cada vez mais, atualizando-se com as mais novas conquistas da mais
alta tecnologia humana universal. Este é o único caminho para se
alcançar a plenitude da grandeza do Brasil.
Muito
obrigado, jovens, e que Deus ilumine a sua nova etapa de vida.
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