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PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA FIEC, DR. FRANCISCO JOSÉ DE ANDRADE SILVEIRA, POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DO "DIA DA INDÚSTRIA"
Fortaleza, 25 de maio de 1976



CONDÔMINOS DA GRANDEZA NACIONAL

Meus caros e ilustres companheiros:

Com o inexorável perpassar do tempo, que nos faz aproximar de novos amigos e participar de acontecimentos que fazem a história, mas que, também, nos distancia de velhos companheiros que se despedem da Vida, eis que, felizes, assistimos, hoje, as comemorações do DIA DA INDÚSTRIA.

A comemoração é um episódio, que se renova anualmente, não só para que fixemos na memória dos nossos contemporâneos o trabalho construtivo das gerações que nos antecederam, mas para que, mirados nos seus exemplos, possamos alimentar a nossa fé e a nossa coragem, na construção que nos cabe realizar, como condôminos, que somos, da grandeza nacional.

Temos feito, através dos tempos recentes, dessa entidade sindical, a Federação das Indústrias, uma espécie de trincheira do nosso trabalho e do nosso idealismo. Aqui discutimos os nossos problemas, analisamos as nossas necessidades, sentimos as nossas aflições, lutamos pelos nossos direitos, e comemoramos as nossas vitórias. Sabe-se que a crise energética modificou profundamente todo o panorama da economia mundial, refletindo-se com maiores conseqüências nos países em desenvolvimento, por que despreparados para enfrentá-la. A cômoda dependência do petróleo, combustível tradicionalmente parado, acabou. Os preços do barril subiram desde a guerra do Oriente Médio e vem debilitando as balanças comerciais dos grandes países.

Apesar da crise, inédita em termos energéticos, as perspectivas brasileiras não são tão pessimistas. A retomada exploratória da Petrobrás, com descobertas de novas áreas petrolíferas; as realizações no setor da energia elétrica; as possibilidades da exploração econômica do xisto, do qual detemos a 2ª maior reserva mundial; o aproveitamento prioritário do potencial hidroelétrico brasileiro; uma prudente política no que respeita à energia nuclear; as garantias de fornecimento do gás natural, através do acordo assinado com a Bolívia, são dados que nos levam a pensar, possa em breve o Brasil se desvencilhar desse fantasma que assusta as economias dos países ocidentais.

Não obstante, como fonte de energia, o petróleo, já carente, é responsável por cerca de 45% do nosso consumo. Urgia pois ou procurarem-se novas fontes energéticas ou estabelecer-se uma política que tendesse às auto-suficiências em termos de petróleo. Daí a patriótica decisão de S. Excia. o Sr. Presidente Geisel permitindo à Petrobrás o estabelecimento dos "Contratos de Risco".

Se assim acontece com o Brasil, bocado não menos amargo é reservado ao Nordeste, particularmente ao Ceará.

Conhecemos os esforços de nossos Governos Estaduais em buscar novas opções para o desenvolvimento de nossa terra, esforços esses sempre reconhecidos e quase nunca pela iniciativa privada. Particularmente, no caso específico do nosso Governador Adauto Bezerra, só temos a aplaudi-lo pelas medidas adotadas no ano recém findo, juntamente com S. Excia. o Sr. Ministro Mário Henrique Simonsen, impedindo que nossa indústria sofresse as conseqüências catastróficas do fechamento de tradicionais mercados consumidores, e que redundaria em um total colapso da nossa incipiente economia abalada pela conjuntura adversa e que aos poucos vai-se estatizando.

Se já nos pomos sempre em guarda, precavendo-nos contra nossos próprios fenômenos internos, precisamos de estar alertos contra as variáveis todas da economia mundial, e juntando nossas forças às do Governo, esperar confiantes na vitória da capacidade brasileira contra os percalços de fenômenos importados.

Em mais esta comemoração do DIA DA lNDÚSTRIA, cremos que não temos motivos para desânimos apesar de todas as dificuldades porque passamos, no ano de 1975, porquanto, como brasileiros, perfeitamente integrados na filosofia do Governo Federal, cuja política econômica-financeira acompanhamos com a maior atenção, e sentimos que não poderia ser mais consentânea com o nosso desenvolvimento e a contextura internacional. Do trágico exemplo doutras nações mais velhas e de maior civilização, bem podemos compreender que a nossa situação inspira fé e confiança no futuro. A recente viagem do Presidente Geisel à Europa e os compromissos assumidos com os Governos francês e inglês, e a cooperação da alta fiança daqueles países, evidenciaram que o Brasil desfruta de inegável prestígio internacional, o que é essencial ao desenvolvimento.

A nossa mensagem, pois, à Indústria e ao Povo Cearense, no DIA DA INDÚSTRIA, é de otimismo, certos, como estamos, da capacidade, não só das nossas elites dirigentes, instalados em todos os setores da administração pública, como de nossos capitães de indústria, de nossos empresários comerciantes, de nossos fazendeiros, de nossos trabalhadores, nas fábricas e nos campos, todos empenhados em trabalhar e em produzir, a fim de que o nosso produto interno bruto possa refletir, em breve, o bem-estar geral do povo brasileiro