VALORIZANDO O TRABALHADOR DA INDÚSTRIA
As instituições, como os homens, em sua trajetória na vida, têm os seus instantes de glória. A Federação das Indústrias do Estado e o Serviço Social da Indústria experimentam, hoje, pelos seus dirigentes, a explêndida emoção que invade o espírito dos que conseguem vencer uma batalha, qual o audaz alpinista que aspira o oxigênio puro da montanha escalada.
A inauguração desta admirável unidade assistencial do SESI, com o nome de "CENTRO SOCIAL THOMAZ POMPEU DE SOUSA BRASIL" profundamente a passagem do ilustre Dr. Thomás Pompeu de Sousa Brasil Netto, na vida sindical brasileira, como autêntico mandatário de suas forças representativas, de cujo seio saiu para uma significativa liderança nacional assumindo a Presidência da Confederação Nacional da Indústria e as rédeas diretivas dos Órgãos de assistência e de aprendizagem industrial, – SESI e SENAI. Ainda que ferindo o seu recolhimento, cumpre-nos, nesta oportunidade ressaltar os méritos de sua serena e dinâmica administração, da qual o Ceará colhe frutos magníficos como os que esta obra traduz: empreendimento de fecundos resultados que, por sí só, capta a merecida gratidão de seus conterrâneos e particularmente, dos trabalhadores na indústria. A extenção do investimento e a natureza da obra realizada indicam não só o seu íntimo desejo de servir à comunidade cearense como a de servir da melhor maneira possível. Atestam de modo inconfundível a sua sensibilidade à problemática social, procurando resolvê-la de modo positivo, – através da chamada assistência construtiva, destinada a melhorar as condições sociais e a elevar o nível de existência dos obreiros de nossas indústrias. Assim fazendo, prossegue ele a tradição de seu ilustre avô, Thomáz Pompeu de Souza Brazil, fundador do Centro Industrial Cearense e da nossa primeira fábrica de tecidos, cuja direção esteve, por muitos anos, entregue ao atual Presidente da Confederação Nacional da Indústria. Deputado geral, diretor da Instrução Pública, Professor da antiga escola do Militar do Ceará e da nossa Faculdade de Direito, – foi ele não só um pioneiro da nossa industrialização, mas um homem público devotado à solução dos problemas de sua Pátria, um pesquisador, professor e sábio, – cuja presença na consciência dos pósteros deve-se fazer sentir como um ato de justiça e de reconhecimento dos que lhe sucederam.
Essa é a razão histórica pela qual a Federação das Indústrias do Estado do Ceará resolveu dar ao Centro Social que hoje inauguramos resolveu dar o nome, por todos os títulos respeitáveis, do Dr. Thomaz Pompeu de Sousa Brasil. É a homenagem da indústria nacional à inteligência cearense. Mas, – meus senhores, – o passado se liga, assim, ao presente, não apenas em relação aos nossos homenageados, duas figuras ímpares da mesma nobre estirpe, mas, também, em correspondência a outras figuras. É que, na verdade, o Dr. Thomás Pompeu Neto prossegue com equilíbrio e fervor a grandiosa obra de seus conspícuos antecessores, – Euvaldo Lodi e Roberto Simonsen, que, ao lado dos presidentes das Federações de Minas, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraná, aos nove dias do mês de maio de 1946, resolveram a criação do Serviço Social da Indústria. Da ata histórica, lê-se que Euvaldo Lodi "expôs e justificou longamente a necessidade, a oportunidade e a conveniência de ser criado um Serviço Social da Indústria, capaz de estudar, de projetar, de realizar ou de supervisionar serviços, providências ou medidas de defesa e de valorização do trabalhador da indústria, bem como de sua família, ao lado de medidas de estímulo e desenvolvimento da produção industrial do Brasil em função de uma sadia e elevada política de fortalecimento da economia nacional. E ainda: elevar o conceito das classes produtoras perante a opinião pública, mediante um conhecimento exato, a ser divulgado permanentemente, dos propósitos, das atitudes e das realizações dignas de realce dos empregadores, bem como desenvolver, cada vez mais, o espírito de solidariedade humana e o bem-estar social dos trabalhadores, defendendo-os contra os males deletérios de idéias políticas malsãs".
E assim, no dia 1° de Julho de 1946, foi fundado, no Rio de Janeiro, pelos cinco órgãos federativos então existentes, o SESI – a entidade que hoje motiva a nossa presença nesta solenidade.
Surgiu ela como um Serviço Social, tendo por campo de ação os operários, e adotando como método de trabalho o serviço social de grupo, especificamente o grupo de trabalhadores da indústria. Dentro da comunidade nacional, foi eleito o seu maior grupo de trabalhadores, como objeto de um Serviço Social.
O Serviço Social de Grupo, o chamado Group Work dos norte-americanos, se realiza mediante a organização de Centros Sociais para a diversão, cultura e orientação geral da juventude, ou da população de determinada localidade. Referidos centros, como assinala o Professor Amaral Fontoura, "podem englobar as mais diferentes formas de atividades: esportes, jogos, festas, cursos e aulas diversas; música, bailes, oficinas de trabalhos manuais, teatro, conferências", e outras atividades que possam interessar a comunidade.
O SESI realiza um serviço social de grupo com características próprias; traçadas nos seus objetivos principais, constantes de seu Regulamento. Para a consecução desses objetivos, entre outros, cabe ao SESI promover: "serviços visando aumentar o bem-estar social e estimular meios de recreação sadios aos trabalhadores e respectivas famílias, sobretudo quanto a diversões, esportes e turismo" (art. 3°, letra "e", do Regulamento do SESI, aprovado pela Portaria n° 113, de 20.7.1946, pelo Ministro de Estados dos Negócios do Trabalho, Indústria e Comércio).
Estamos, pois, dando cumprimento a um dos deveres da instituição, expressamente consignado em seu Regulamento. Não fazemos obra de propaganda, mas verdadeiro serviço social de grupo, visando a realização dos fins da entidade, – "a prestação de assistência direta e indireta aos empregados na indústria e aos seus dependentes".
Essa é uma das faces do SESI, já que vários outros objetivos se inscrevem em sua programática. É, sem dúvida, uma de suas faces mais simpáticas, porque atende a solicitações muito desejadas pelo homem do nosso século.
Se, em 1883, quando foi fundado o primeiro Centro Social do mundo, na Inglaterra, pela iniciativa do pastor protestante SAMUEL BARNETT, já se fazia sentir a necessidade da criação de centros dessa natureza, com a finalidade de "instituir e manter obras filantrópicas e educativas, estudar e melhorar as condições de vida da classe operária", quanto mais nos nossos dias, época que assistiu o pleno desenvolvimento do Serviço Social em todas as nações civilizadas, com a formação de milhares e milhares de Assistentes Sociais, fundação de Escolas de Serviço Social e a sua extraordinária diversificação, instalando-se ao lado de cada indústria e penetrando todos os campos da atividade humana, como o instrumento moderno do desenvolvimento da personalidade.
Se a personalidade humana é a pedra fundamental da filosofia democrática, o Serviço Social é a técnica por excelência de seu desenvolvimento.
Este Centro Social do SESI visa a esse grande ideal. Na diversificação de atividades, nos setores da saúde, da educação e do lazer, dando assistência, promovendo a educação, através de cursos de formação familiar e de ensino do 1º grau, incentivando a recreação com o desenvolvimento dos esportes e a cultural, – estamos promovendo o Homem, estamos elevando o trabalhador da indústria à dignidade a que tem direito como ser humano, estamos desenvolvendo a educação moral e cívica e o espírito de solidariedade entre empregadores e empregados, dentro do Ideal cristão da Paz Social, numa sociedade em que a Justiça social se realize ao lado da democracia e da liberdade.
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