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PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA FIEC, DR. FRANCISCO JOSÉ ANDRADE SILVEIRA, POR OCASIÃO DA SOLENIDADE COMEMORATIVA DO “DIA DA INDÚSTRIA"
Fortaleza, 23 de maio de 1975



GOVERNO E O DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará e o Centro Industrial do Ceará, os dois órgãos máximos representativos das categorias econômicas que integram a Indústria Cearense, promovem a presente solenidade, com a finalidade de comemorar o 25° aniversário de fundação da nossa entidade sindical e o DIA DA INDÚSTRlA, data nacionalmente festiva, o dia 25 de Maio, data símbolo, em torno da qual, no Brasil inteiro, os empresários brasileiros, unidos pela mesma fé na mística do desenvolvimento nacional, reafirmam, anualmente, os seus propósitos de dar à nação liberdade e segurança econômica.

Comemorar o DIA DA INDÚSTRlA significa para nós empresários, reafirmar o nosso compromisso com o modelo de desenvolvimento que tem raízes na iniciativa privada e cuja meta política é a realização duma democracia social e econômica, que proporcione ao povo brasileiro a sua efetiva participação nos frutos de nossa civilização e de nossa cultura. Os homens da indústria, os que trabalham e os que lideram, não são indiferentes aos problemas que afetam a comunidade nacional; bem ao contrário, se integram hoje em dia na problemática nacional e levam às fontes do Poder a sua contribuição, real e objetiva, no sentido de apressar, cada vez mais, o advento duma ordem social e econômica justa e humaníssima. Integrados no modelo ocidental, pluralista e livre, como recentemente acentuava o nosso companheiro José Flávio Costa Lima, em discurso de posse como Secretário de Indústria e Comércio do Ceará, nós, empresários cearenses, nordestinos e brasileiros, temos um compromisso com a comunidade nacional, que é o de libertá-la dos males do sub-desenvolvimento e conduzi-la às benesses do desenvolvimento.

E nesses vinte e cinco anos de existência da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, em nenhum momento, nos omitimos aos problemas que afligiram o nosso parque industrial, antes de 1964, com a inflação galopante a solapar as bases da nossa economia, ou mesmo depois da Revolução, quando os freios aplicados à desastrosa política financeira, por seus efeitos múltiplos, careciam de um cuidadoso exame dos seus reflexos em nosso Estado.

A corrida em busca de uma aceleração do desenvolvimento industrial dos Estados nordestinos, pela maior potencialidade de uns em detrimento de outros, melhor infra-estrutura, grande quantidade de diversificadas matérias primas, preferência dos grupos de investidores de outros centros, dentre outros – caracteriza, atualmente, uma diferenciação já bastante acentuada entre uns e outros Estados da Região.

Não se pode, sob pena de um julgamento tendencioso e sumamente emocional, dizer que não aconteceram benefícios para o Ceará, notadamente para o setor secundário. Se as nossas oportunidades industriais não tiveram o efeito multiplicador esperado, faz-se necessário uma mútua colaboração dos empresários e do governo, no sentido de que as distorções sejam contornadas de maneira racional, no menor espaço de tempo e na eficiência reclamada, para que possamos continuar nossa caminhada para o progresso.

É do conhecimento universal, os problemas nascidos com a política agressiva dos preços do petróleo, como é natural, com efeitos diretos sobre todos os setores da economia, atingiu em maior ou menor escalada, todos os países do mundo.

A economia industrial cearense está baseada em produtos originados do setor primário, o que a torna mais vulnerável às oscilações cíclicas dos mercados interno e externo. Não estão distantes, muito pelo contrário, os revesses sofridos pelos nossos empresários que colocam grande parte de sua produção no mercado externo. A retração das importações foi um remédio aplicado por quase todos os países importadores, como maneira de corrigirem os defeitos de suas balanças comerciais. O grande estoque de produtos acabados gerou uma imensa procura por recursos para cobertura de capital de giro, deixando muitas indústrias em situação difícil, mesmo porque tiveram de reduzir suas jornadas de trabalho, gerando, por conseguinte, liberação de mão-de-obra com as graves e esperadas repercussões sociais.

A rápida colocação dos problemas pelos líderes empresariais em fatos dessa natureza, tem sido uma constante. A grandiosidade do nosso País, com áreas-problemas de características das mais diversas, não pode de nenhuma maneira, receber tratamento homogêneo, salvo, como de caráter meramente paliativo.

A condução de soluções que não sejam de resultado completo tendem a se agravar pela agregação de outros problemas.

Estamos conscientes do empenho que as autoridades tem tido para resguardar o processo de Desenvolvimento do Nordeste, preconizado no II Plano Nacional de Desenvolvimento. Cabe-nos, como parte diretamente interessada na execução e nos resultados, oferecer sugestões para a exequibilidade das metas a serem alcançadas.

Continuamos defendendo a tese de que os Estados que lutam com dificuldades competitivas, devem ser tratados de maneira diferente pelo Governo. Não estamos apregoando o paternalismo, nem muito menos o reclamo das vantagens auferidas pelas Regiões de maior progresso. Sentimos que os investimentos na nossa área deviam fluir por meio de financiamentos com juros a preços políticos, cuja diferença para o custo normal em uso, fosse paga pelos órgãos de desenvolvimento locais, como um estímulo àqueles Estados, que exatamente por não serem detentores de grande soma de recursos para oferecerem soluções aos seus problemas especialmente de infra-estrutura, inclusive urbana , estão se distanciando numa escala tão acentuada, que dentro em breve não existirá capacidade para a execução de um processo de desenvolvimento harmônico, tão apregoado e tão desejado.

Que esta data comemorativa ao Dia da Indústria, seja uma oportunidade de reflexão para o muito que se tem de fazer para alcançar um estágio de maior bem-estar para o povo cearense. Como no passado, atestado pelas nossas realizações, como hoje, presentes aos anseios dos que lutam por um Brasil feliz, estaremos amanhã, marchando para uma nova etapa do desenvolvimento do Ceará, sem as marcas e os percalços, para cuja capacidade de ultrapassá-la caracterizou a conhecida e decantada fibra do cearense.

Meus senhores:

Ao término desta nossa oração ao Dia da Indústria, algumas palavras em honra ao mérito industrial. Em consonância com as comemorações desta data, e em razão delas, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará fará, dentre alguns instantes, a entrega oficial de uma medalha do mérito industrial, post-mortem, em homenagem especial ao nosso querido companheiro de lutas, Carlito Pamplona, e Certificados de Reconhecimento aos industriais que se destacaram no setor de exportação em 1974, promoção do PROMOEXPORT e da FIEC, como vem acontecendo há vários anos.

Com a entrega dessa medalha do mérito industrial e os Certificados de Reconhecimento, cumprimos o nosso dever e levamos a nossa admiração e solidariedade aos que fizerem jus ao nosso reconhecimento