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DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA FIEC, ENGº FRANCISCO JOSE ANDRADE SILVEIRA, NA SOLENIDADE COMEMORATIVA DO "DIA DA INDÚSTRIA".
Fortaleza, maio de 1977



O DESAFIO QUE O CEARÁ ENFRENTA

O DIA DA INDÚSTRIA, para o nordestino e, especialmente, para o cearense, se reveste, neste ano, de uma conotação especial que acabamos de realizar, sob o patrocínio da Confederação Nacional da Indústria, do Governo do Estado, da SUDENE e do Banco do Nordeste, com a participação de significativas delegações de empresários de todo o País, o III Encontro de Investidores do Nordeste.

De um lado, o certame veio ratificar, numa nova tomada de posição, as possibilidades que a Região continua a oferecer para o desenvolvimento econômico em que nas empenhamos, e, de outra parte, operou, através de uma análise realisticamente atual, uma reformulação de conceitos, uma revisão do que até agora conseguimos fazer, e sobretudo, a perspectiva para um plano de ação a curto, médio e longo prazo.

A escolha de Fortaleza para servir de sede a tão importante reunião não pode, no entanto, ser levada em conta apenas pela honra insígne com que fomos distinguidos. É que o Ceará continua, dentro do chamado poligono da seca, como o Estado mais representativo da realidade geo-econômica e social da área secularmente atingida pela adversidade climática. Reclama, no entanto, esse conceito, que traduz mais uma generalização em que é pródiga a interpretação da realidade nacional, uma nova imagem que vimos plasmando desde que se instalaram, no Estado e na Região, as agências de desenvolvimento econômica instituídas pelo Governo da República, foram, não resta dúvida, esses instrumentos que conseguiram, pelo menos em grandes faixas da território do Nordeste, reestruturar, em bases sólidas e definitivas, a infra-estrutura, que ê o ponto de partida para qualquer plano que vise ao desenvolvimento integrado e ao legítimo processo de criação da riqueza.

Somos contemporâneos de uma época assinalada por uma série de fatores que vem refletindo ponderavelmente na vida econômica de todas os povos. Uma crise que exige principalmente dos países em desenvolvimento, não uma atitude de expectativa, mas uma política econômica agressiva que se destine a neutralizar, senão anular, os efeitos negativos que a situação impõe de maneira incisiva e inexorável. Não é preciso que se enfatize a crise do petróleo com o seu cortejo de conseqüências a se refletirem, sobretudo, no reativamento da inflação. À inflação interna cujos índices estavam fatalmente destinados a declinar, soma-se agora inflação externa como um desafio para o Brasil e para a quase, totalidade dos países não produtores de petróleo ou de produção deficiente.

À indústria, dentro dessa conjuntura que independe dos planos preestabelecidos, viu-se na contingência de aplicar medidas que podassem conciliar o seu crescimento, sem quebra ou falências no sistema econômica que vinha sendo aplicado com os mais alentadores resultados. Voltamos, em princípio, à política substitutiva das importações, mas não podíamos perder de vista o aceleramento da produtividade pela importação de tecnologia e de bens de capital de que ainda hoje somos carentes. Este é o grande dilema da indústria: exportar e atender, contínua e persistentemente, à demanda interna, contribuindo, pela criação de novos empregos, para a nivelaria das condições de vida da população menos favorecidas. À primeira vista parece um mosaico de contradições, que a binômia exportação e importação sempre no sugere. Daí o equilíbrio que se converte numa tônica do momento não apenas para o governo, mas também para os homens de empresa.

Dentro desse quadro, é altamente gratificante assinalar o comportamento da indústria, numa Iegítima consciência da sua responsabilidade. E, seguindo a linha que os órgãos representativos da nassa classe vêm adotando, a indústria do Ceará também se afirma numa posição de vigilância e cuidadosa atuação, sem quebra do seu crescimento, que não é somente vegetativo, nas agressivamente expresso pelos números em que se situa dentro do desenvolvimento do Brasil, como um toda.

Essa convicção de que estamos trabalhando, na plena consciência de responsabilidades, na certeza de que a crise nos desafia, não anulará o nosso esforço, constitui o principal motivo para o regozijo com que a Federação das Indústrias do Estado do Ceará comemora o Dia da Indústria. Com efeito, as crises advêm, afligem, por vezes chegam a quase desesperar. Mas o Brasil continua a crescer e, dentro dele, como uma força viva e atuante, o Ceará, que traz na ainda do seu povo a tradição de que a dificuldade de hoje é a esperança de amanhã. Esse amanhã que já divisamos como a integração do Brasil no elenco das grandes potências, respeitado pela sua grandeza pacificamente construída pelo trabalho, pela inteligência e pela capacidade de vencer