Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 25 de novembro de 2016 • www.sfiec.org.br
Crise política: persistente pedra no caminho de nossa recuperação econômica
Do ponto de vista da mecânica do crescimento, a moderna teoria econômica nos ensina que a elevação do produto se dá por quantidades adicionais dos fatores de produção e pelo crescimento da produtividade, o qual ocorre via desenvolvimento tecnológico. Como as pessoas são submetidas a incentivos e restrições, o resultado de uma economia depende do conjunto de regras impostas aos agentes econômicos. Podemos dizer assim que a qualidade das instituições políticas determinam a qualidade das instituições econômicas.
Observando a trajetória recente da economia brasileira, vê-se a instabilidade política como um dos motivos para a gravidade de nossa crise, bem como para a lentidão do processo de retomada do crescimento. Nessa direção, nota-se esta semana tomada pelo novo capítulo da crise política, dessa vez envolvendo acusações de ingerência e tráfico de influência no governo.
Segundos dados do IBGE, no 3º trimestre deste ano tivemos queda de 0,99% em comparação com o 2º trimestre. Com isso, chegamos ao sétimo trimestre consecutivo de PIB negativo. As preocupações são ainda maiores em relação aos investimentos, que tiveram queda expressiva de 11%, na comparação do 3º trimestre deste ano, com igual período de 2015. Esse fato é parcialmente explicado pelo endividamento de famílias e empresas e pela taxa de juros elevada. Juros menores estimulariam o consumo e melhorariam as condições de renegociação das dívidas, impulsionando os investimentos. Para que isso se concretize, é necessário levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017, pois é imprescindível que se tenha estabilidade econômica.
Há vários dias existe expectativa do mercado de que o COPOM efetue corte de até 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a SELIC. Com a melhor compreensão sobre quão profunda é a crise fiscal de estados e municípios, a eleição de Donald Trump para presidência dos EUA – e os possíveis efeitos de suas medidas sobre o câmbio – e a nossa instabilidade política, analistas esperam redução de apenas 0,25 ponto percentual, em reunião do COPOM que será realizada na próxima semana.
Caso isso se confirme, infelizmente, seguiremos com juros muito mais altos do que o desejado, e assistindo às instituições econômicas sofrendo pela má qualidade dos nossos arranjos políticos institucionais.
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